
Ás vezes me considero tão estranha. Tão bicho. Tão homem animal. Não tem como não se sentir assim. É até meio insólito dizer que eu não sinto, que eu não quero, que todas as vezes que você me vira a cara ou fala algo que machuca eu não choro. Sinto. Quero. Choro. Amo. Doí como se me rasgassem cada pedacinho da carne em slow-motion. E não dá pra fingir, 'ah, amanhã passa, vou tomar um sorvete, ler um livro, passear com o cachorro e bum, sumiu'. Você, consciente ou inconscientemente, sabendo ou não, dorme e acorda comigo e passa o resto do dia ali, do meu lado. Tua maldita presença constante não me deixa completar nada que me proponho.
E tento, tento, tento e sigo tentando. Tento te esquecer, mas só sei te lembrar. Sei que já quebrei a cara milhares de vezes e vou seguir quebrando, batendo, apanhando, mas não vou desistir de tentar. Não, não tentar te esquecer. Quero conseguir fazer alguma coisa que algum possível comentário imaginário teu não me impeça de terminar.
E quando isso acontecer, queria poder te ver e te abraçar.