Páginas

13/11/2010

Eu fico com a inocência das respostas das crianças...


[Baseado em fatos reais. Os nomes foram trocados para preservar a privacidade dos envolvidos.]

- Seu Adaílton... - grita Julinho ao sair correndo de seu quarto.
- Fale garoto - responde o homem ao menino.
- É verdade que a Letícia e o Gerônimo são namorados?
- Como é, filho? - responde o senhor, atônito.
- A Letícia e o Gerônimo. Namorados. Eles são?
- Não sei, pequeno. Nem sabia que eles já se conheciam... Mas por que você diz isso?
- Porque o Gerônimo tá mexendo no cabelo da Lê, e ela tá olhando pra ele com cara de babaca; e uma vez, o mano me disse, que quando uma menina olha para um garoto com cara de retardada, é que ela gosta dele.
- Tudo bem Julinho, mas isso não quer dizer que eles sejam namorados - diz Rogério, pai de Julinho.
- Mas é que ele também olha pra ela com cara de peixe morto... E eles quase se beijaram...
- É? - pergunta admirada Patrícia, a mãe do Julinho.
- Sim mamãe! Coisa nojenta ficar grudado daquele jeito, parecendo dois cachorros brigando...
- Mas pequeno - Adaílton, saindo do choque, volta dizer - se eles se gostam, é normal que se beijem, se abracem, troquem carinhos e fiquem se olhando com cara de babaca, como você mesmo disse.
- E o senhor não vai xingar ele depois? Não vai falar nada para ele? Nada. Nadinha?
- Claro que não Julinho! E até fico feliz em ver meu filho apaixonado. Ele já está na idade de namorar, casar, ter filhinhos curiosos assim como você...
- Mas seu Adaílton.. Apaixonado?
- Sim Julinho. Apaixonado. Amando. Enlouquecido...
- E uma pessoa quando tá apaixonada, ela fica assim como eles, babaca, bobalhão?
- Fica. E às vezes, até pior.
- Mamãe...
- Fale Julinho!
- Não deixa nunca eu me apaixonar, tá!?