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28/04/2012

Ausências




Ligar e seu numero acusar ocupado. Todas as vezes. Não sei se você foi assaltado, se desligou o telefone ou se fugiu para a Malásia. Você sempre tão excêntrico e maluco, que qualquer uma dessas opções caberia exatamente em suas escolhas de futuro incerto e impreciso. Lembro das vezes que me pegava no colo de surpresa e me carregava de ponta-cabeça, enquanto eu mordia seu joelho, feito um cão raivoso e você nem se importava. Éramos lindos e loucos juntos.

Inseparavelmente grudados. Feitos em velcro e super bonder para nunca mais separar. Mais que amigos, irmãos. Mais que irmãos, cúmplices. Uma lealdade e fidelidade um para com o outro, que causaria inveja a qualquer outro casal de namorados. Mas nós nunca fomos namorados, nunca seriamos. Você não dava brechas e eu me tornei especialista em esconder meus sentimentos. Acho que você nunca se deu conta que sempre fui apaixonada, entretanto, te queria da mesma maneira para sempre.

Meu bibelô de 2 metros de altura, uma criança de 20 e tantos anos. Que cresceu e esqueceu a parceira das brincadeiras de lutinha, do videogame, do futebol, das piadas sem graça, dos filmes de ação. Esqueceu quem nunca esqueceria de ti. Deixou para trás a vida. Trocou de estrada. Me deixou no meio do caminho, assoviando a nossa canção. Abertura do Dragonball.

25/04/2012

Bilhetinho

Menino bonito que mora na rua que eu cruzo todos os dias, traga seu sorriso e seu cabelo loiro escuro para fora quando eu passar em frente a sua casa. E cumprimente-me com um beijo no rosto e um abraço apertado, daqueles que sufoca e faz perder o ar. Conte-me uma piada sem graça e me faça ganhar a tarde.
E quando chegar a noite e nos encontrarmos naquele ambiente tão disperso e confuso, mantenha-me atenta a histórias incomuns que se misturam entre limites, números e gráficos. Mas nem se esforce muito, não preciso de coisas elaboradas para distanciar-me de todo esse mundo. Necessito apenas olhar seus olhos castanhos tão de perto e fim, fui para tão tão distante. Então, haja naturalmente, com seu falar carregado.
Ofereça-me um cigarro, uma bebida, um abraço e uma palavra amiga, que lhe retribuo tudo em dobro. E com um carinho incomum.

Letícia


Mais uma dose de tequila e mais uma crise interminável de choro. Eu sei, eu sei, homem não chora, mas o que eu vou fazer se é a única coisa que consigo fazer desde que deixei aquela menina? Sei também que é tarde demais para arrependimentos, mas não consigo me conformar. Como fui tão estúpido a ponto de deixar essa mulher maravilhosa escapar por entre meus dedos?

Faziam três meses que não a via e sentia uma saudade devastadora daqueles olhos castanhos tão marcantes e daquele riso frouxo que ela tinha. Uma face linda, adornada por longos cachos loiros. Ela era o sonho de qualquer homem. Parceira do futebol e videogame, não refugava uma brincadeira de lutinha, não dava chilique quando começava a chover e ela tinha feito chapinha, até dava risada. Companheira para todo e qualquer momento. Toda a noite, me dava aquele beijo de boa noite que me fazia esquecer do mundo e dava a maior segurança do mundo. Ela era uma mãe, uma mulher, minha menina. E isso começou a me incomodar. Não conseguia suportar a ideia de que, não conseguiria viver sendo dependente emocional de uma mulher, que precisaria da opinião dela para qualquer decisão que eu quisesse tomar. Pensava que por ser homem isso não poderia e nem deveria acontecer, o que meus amigos iriam pensar de mim? Que sou pau mandado. Mas eles são idiotas. E eu também fui, no momento em que a deixei partir. Sei lá onde eu estava com a cabeça, só sei que não era no lugar. Achei que pedindo um tempo isso ia mudar e eu ia ter o poder supremo sobre a relação. ESTÚPIDO.

Como eu a fiz sofrer com isso. Sei que ela entrou em depressão. Não comia, não estudava, nem trabalhar conseguia mais. Não colocava o rosto para fora de casa. Só conseguia chorar e se perguntar o que ela tinha feito de errado. Muitas vezes, em prantos, me ligava de madrugada perguntando o porquê de tê-la abandonado e eu lá, no auge da minha idiotice dizia que não dava mais, que precisava me sentir meu e ela estava me sufocando. Soube que depois disso, ela não falava mais. E como me doeu fazer minha garotinha sofrer.

Três meses. Acho que o tempo se arrastou mais lento para ela. Mas ela superou a minha burrada. Sei porque a vi hoje. Salto alto, vestido florido e o mesmo sorriso encantador. Seus longos cachos loiros se tornaram agora um chanel na altura dos ombros e castanho. Passos fortes, típicos dela. Maquiagem bem feita. Cheia de amigas, que talvez, a ajudaram a me esquecer. Ela vai passar por mim e eu não sei o que fazer. Ela me enxergou de longe e seus olhos marejaram. Por um segundo, senti que ela queria chorar. E eu, quase não consegui segurar minhas lágrimas. Ela se aproximava cada vez mais rápido com aqueles passos firmes. E passou reto. Como se eu fosse um desconhecido. Como se nunca tivéssemos nos visto. Passou por mim como se eu fosse um rosto qualquer. E doeu.

Minha menina, o que eu fiz com você?

22/04/2012

Amanhece outra vez teus olhos claros no espelho. Traz toda a força que o mundo inseriu em ti, revela a tua macheza. Faz do tombo um novo passo de dança e sai por ai, a rodopiar em canções inaudíveis aos ouvidos dos estúpidos. Sibila um novo conto cantado por artistas desconhecidos. Pinta tua cara, brinca de ser feliz. Transforma o pranto em tanto, um bom motivo para sorrir.

20/04/2012

Fragmentos Anexados.

Sentada no alto da pedra mais alta vendo o tempo passar se arrastando. O vento bate em meu cabelo de cachos mal feitos e desgrenhados, fazendo com que meus pensamentos incertos misturem-se, gerando uma confusão mental generalizada. Coisas passadas voltando a serem remoídas pelas lembranças roídas de uma época gostosa.
Lembranças que em todas tem um pedacinho de você. Do seu cheiro. Do seu jeito. Dos seus abraços e beijos que senti apenas uma vez. Se pudesse voltar, não precisaria nem ser no tempo, voltar apenas para sentir, voltaria aquela noite amena de quase outono onde seus braços tão presos a mim, pareciam pertencer mais ao meu corpo que ao seu e o mundo parecia inerte, apenas vendo a nossa entrega.

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Da pedra mais alta é solitário e melancólico lembrar de você. Do seu sorriso de garoto  do seu cabelo loiro bagunçado. Pequenos detalhes e tantos significados. Por bastante tempo, essas foram as coisas que cercavam-me quando colocava a cabeça no travesseiro depois de um dia cansativo. Você me rondava mesmo ausente. E eu imaginava como seria acordar ao seu lado, ver a tua cara amassada e ter a legítima convicção de querer isso para todos os dias da minha vida.

15/04/2012

Escute Alice.

Sabe Alice, a vida é dura demais para deixar que o tempo nos endureça. Sorri, Alice! Faz de toda queda um novo passo e do tropeço, novo caminho.
Sei lá Alice, tem tanta coisa bonita por ai querendo ser conhecida. Sai do teu mundinho, conhece outras gentes, deixa o vento balançar tua franja loura. Corre campos abertos e cansa de euforia. Faz do teu jeitinho peculiar de ser Alice, mas faça. Só não estacione, não se permita.
Sê feliz Alice. Busca uma coisa que te complete e segue com ela, nela até o fim. Não desiste, porque uma hora a hora cai no teu colo e nessa hora,  hora certa é. 

06/04/2012

Ar, Ariane.


Não sei o que te fez mudar
Eu queria te fazer escutar
Todas as palavras que um dia 
Escrevi pra ti.
Sobre todos os sonhos que tive
E que com o tempo vi voar
Você, por entre os dedos escapar
Correr sem jamais poder alcançar.
Sem forças continuar
Resolvi por assim deixar
Um dia talvez poder voltar
Para então os realizar
Castelos recriar
E minha história então recontar
Fazer sonhar
Meu coração que outrora a chorar
Poder uma nova canção cantar
E de alegria gritar
Que a esperança enfim, aqui voltou a morar.