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26/12/2010

Pensando...

Nessa época, todo mundo pensa: ano que vez será diferente, ano que vem eu vou mudar de vida, ano que vem vou arrumar um bom partido, um emprego, entrar na faculdade. Ano que vem.
Pensam que é o ano que vem que irá trazer as mudanças, que vai fazer transformações radicais e mais um monte de coisa.
Só que, o que ninguém se lembra é que um ano novo jamais irá tomar um decisão importantíssima, o ano novo não irá fazer aquela entrevista de emprego ou aquele vestibular difícilimo daquela faculdade conceituada. Não vai fazer você parar de beber, fumar ou vai te fazer aquela pessoa que tanto te fez mal no ano que passou.
Ninguém lembra que não existem milagres instantâneos, ou que é só fazer o seu pedido e contar 3, 2 1 e ele vai se realizar. NÃO!

Nada muda, se você não mudar!

eu só queria que ele lembrasse de mim...


Como eu lembro dele.

12/12/2010

Dani

Dane-se a rima, a concordância
Dane-se o tudo, o nada
Dane-se o presente, o futuro
Dane-se a chuva, o dia de praia
Dane-se a casa, o campo
Dane-se a alegria, a tristeza
No peito de cada um
Dane-se a graça, a piada
Dane-se o valer a pena
Dane-se o erro inevitável
A vitória conquistada
Dane-se a batalha perdida
Dane-se o plante e sua falta de água
Dane-se o sentimento sincero, o verdadeiro
Dane-se o meu eu
Cheio de esntrelinhas e interogações
Dane-se o seu eu
De certezas absolutas e ego abundante
Dane-se eu
Dane-se você
Dane-se Dani.

Nothing.

Não há como fugir
Basta apenas decidir
Se vamos seguir em frente com esse jogo
Como se eu ou você fosse um bobo
Fingindo que não machuca
Mostrando que não tortura
Ninguém está errado
E eu ainda não estou acordado
Para tantas coisas imbecis
Nada em nós morreu
Nada em nós existiu
E doí fingir
Que essas frases não doem
Assusta perceber
Que não existiram verdade
Que essa
Foi só uma história inventada
Para enganar dois corações
Angusttiados, amargurados
Na solidão.

10/12/2010

Green Eyes

Eram olhos de tão rara beleza
Verdes que seduziam qualquer homem
Olhos de messalina amargurada
Tinham traços fortes e marcantes
Demostravam o sofrimento que havia
Traduziam melodias
Eram olhos que não se esqueciam
A quem aquele verde conquistava
Vivia perturbado devido a lembrança
Olhos maculados
Que já viram e contribuiram com o pecado do mundo
Olhos verdes traiçoeiros
Que não perdoavam
Não largavam
Não. Somente não.


Primeira e talvez única vez,
que escrevo um post inspirada em mim.

05/12/2010

Diário de Uma Puta - página 27

E mais um dia que acaba essa tortura. Não aguentava mais aquele salto, aquele frio. A única coisa que eu quero agora é tomar um banho, colocar uma roupa quentinha e ir dormir. Fico me perguntando até quando terei de aguentar essaa rotina tão repulsiva.
Todos aqueles homens... de tantas formas, jeitos, idades, cores... não sei até quando aguentarei. as vezes me pergunto como parei nessa situação, mas como sempre, não acho nenhuma resposta. Se a cocaína não fosse tão cara e minha mãe ainda me aceitasse, voltaria correndo para o Alegrete. Sinto tanta saudade dos meus pais; do Henrique e do Fernando, meus bons irmãos de guerra. Mas aqui; Porto Alegre é tão suja quanto eu.
E pra piorar, eu esperava que ele fosse lá. Não foi. Fiquei esperando e ele não foi. Tudo bem, o entendo. E eu sei que jamais poderia me apaixonar por ele, mas... aconteceu! Sei que ele nunca vai olhar pra mim, afinal o que eu sou, além de uma pobre puta que precisa do dinheiro dos programas para se drogar. E por isso, choro todas as noites, quando chego em casa, chapada e com o nariz anestesiado por causa da droga. Preciso sair das ruas logo, preciso sair dessa vida.
Mas não existe solução. Não tô disposta a largar a branca, pra me dar ao luxo de deixar de sentir aqueles velhos caquéticos e nojentos, tocando o meu corpo de todas as maneiras inimagináveis. Minha vontade é, um dia, matar um tarado desses, para vingar a mim e a classe. Tenho vontade também de bater até matar, aqueles que passam a mão em todo o seu corpo na rua e depois não querem o programa. Mas não poso nenhuma das duas. Se fizer, serei presa. E será pior.
Quero um dia sair dessa vida e trabalhar como qualquer outra garota nomral de 22 anos. Um trabalho decente, diurno; onde eu não precise mostrar meu corpo e tampouco usá-lo. Já sofri demais. Sei que pode não parecer, mas eu tenho um sonho. Eu quero apenas ser uma garota normal, que trabalha, fas faculdade e vive decentemente. Só isso.

04/12/2010

I Need.. I Miss..


Preciso respirar. Preciso novamente sentir o tocar da sua pele quente sobre a minha, gelada. Preciso rir das piadas sem graça que só a gente encontra sentido. Preciso de novo me sentir um meio termo entre uma santa e puta. Preciso do frio do inverno. Preciso ver seus olhos com repulsa da luz ao acordar. Preciso sentir o entrelaçar dos seus dedos nos meus. Preciso jogar tudo pra o alto e sair correndo. Preciso ver o seu sorriso consolando as minhas lágrimas. Preciso. Você. Agora. Sempre.

03/12/2010

Never Hapiness

Na chuva, 8 da noite. Feriado. Minhas lágrimas caiam ao chão e se confundiam com as gotas. Estava disposta a terminar tudo. Na sacola, uma seringa e uma ampola enorme de adrenalina. Eu faria aquilo, te tendo como testemunha. Já até havia decorado as minhas últimas palavras por semanas e agora chegara à hora de pronunciá-las.
Oito e 15. A tempestade aumenta e os ventos ficam mais fortes. Nada me importa. As pessoas se perguntavam por que eu andava sozinha, pranteando na chuva. Elas não entendem sobre a dor. Nunca as machucaram de maneira profunda, nunca tiveram um sonho quebrado, que só o tempo tempestivo saberia entender tamanha revolta.
Oito e 37. Chego em frente ao seu prédio. Vestido encharcado, salto quebrado, maquiagem inexistente, restando apenas um pouco de preto em volta aos meus olhos vermelhos e inchados. De joelhos. É a minha última chance de vingar o que me fez. Interfone tocando.
Oito e 44. Velas e flores. Boa noite! O que é isso? Mais uma tentativa de me conquistar, jogar, brincar, dispensar. Chega. Não consigo mais. Então declamo o discurso. "Existem coisas que precisamos matar para que possamos seguir em frente."
A agulha encontra seu braço. Antes de você cair, você diz que me ama. Agora é tarde. Fim. Parada cardiorrespiratória. Homicídio doloso. 12 anos. Antes de ir, abro seu uísque caro. Vamos comemorar.
Agora eu estou presa. Você, não sei. Eu sinto muito e sinto sua falta. Mas nos encontraremos em breve. A corda que roubei da cela ao lado, já está armada. Até daqui a pouco, benzinho. ENCONTRO-TE NO INFERNO.

01/12/2010

Only a girl


Na fria madrugada
Quando todos os anjos se calam
Quando a beleza é exposta nua
Uma lágrima rola pelo seu rosto
De olhos que gritam inconstantes
Olhos que procuram soluções
Um pouco de compreensão
Seria possível em um dia qualquer
Recuperar todos os sonhos dilacerados
De menina ingênua que já foi
Da boneca que queria se tornar
Pobre garota
Quem poderá ajudá-la?
Seu pai desistiu da vida
Sua mãe morreu no parto
Por que sofre tanto?
Culpa de vidas passadas?
Ninguém lhe dá respostas
E enquanto o próximo carro não para
Pode recuperar o ânimo
Refazer a maquiagem
E sair...
Quando acordarem os anjos
Ela estará dormindo
E poderá ser como qualquer outra
Sã, intacta e inocente
Ser apenas, menina

28/11/2010

Sobre filmes e quebra-cabeças

Sei que eu já te chamei de safado, sem vergonha; que já bati com a porta na sua cara e ignorei todos os seus chamados. E com essa ceninha de mulher boazinha, só o que consegui foi me dar mal e te perder. É que eu queria ser tanto e tão pouco deu certo. Achei que fosse como nos filmes que, quanto mais a mocinha rejeita o amado, mas ele gosta dela, mas ele se apaixona. Eu queria viver um amor desses. Movimentado e empolgante. Não consegui. Me frustrei.
Tudo o que tenho agora são olhos inchados e uma dor irremediável no peito. É como se fosse uma pecinha de um quebra-cabeça que nada consegue completar. Todas as peças que tentei colocar, ficaram pequenas, não cabiam. Justamente pois ela tem o seu tamanho, suas formas e trejeitos. E eu a perdi. Perdi a pecinha que me completaria. A única.
Ela foi tentar se encaixar em outro lugar, longe de mim. E me deixou aqui, desorganizada e desajeitada, tentando buscar algo que possa suprir o seu espaço, e fracassando. Sempre.

27/11/2010

Trecho de uma carta inexistente - parte I

[...] E sei que você não teria coragem de me assumir porque é um frouxo. Frouxo, idiota e lindo. Me dá raiva como consegue ser tão idiota; indo, voltando e nunca saindo de vez. É porque você não resiste se viver longe de mim. Sim. Pois quando acontece algum problema que você não sabe como resolver, é nós meus braços que encontra refúgio; quando sua vida é um desastre, é meu numero que você disca; se está longe de casa, eu sou a ponte; se está pensativo, eu sou o chão, quando precisa de fuga, é na minha casa que você vai.
Você pode ter (e sei que tem) outras meninas, melhores que eu, mais bonitas que eu, mais magras que eu, mas elas jamais terão o que eu tenho: o dom de te decifrar. Sei os olhares que usa quando está triste, frio ou querendo conquistar. Elas pensam que você é tudo que mostra. Coitadas. Quando vejo você com uma delas, te confesso que até me dá uma certa pena. Não. Não delas, afinal, eu não as conheço e não sei como reagirão ao seu típico abandono. Mas eu sinto pena de você. Você tem toda a minha compaixão. Por ser tão fraco. Fraco por não conseguir assumir para si mesmo o que sente. Fraco e covarde. [...]

26/11/2010

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Although I try with all the forces that have, tell me you were gone never to return, I can not believe his departure. I do not trust sudden gone. Not when one takes all belongings. And I, I'm still here ...


(google translation, fail... :// )

20/11/2010

Sapatos e Desejos.

Eu tive de aprender a ser mais forte que a dor do abandono. Tive de aprender a ser maior que a ferida que você deixou aberta quando partiu. Tive de continuar fazendo a maquiagem para disfarçar o inchacho e a vermelhidão do meu rosto. Eu tive de parar de ir a alguns lugares para que pudesse não lembrar. Tive de arrancar meus pulmões, para que o ar voltasse a fluir. E fui obrigada a estraçalhar meu coração para poder remontá-lo e achar um bom motivo para voltar a amar.

In The Darkness

Completamente nua. Sem segredos, sem falas ou mascaras. Chorando todas as lágrimas que seus olhos tinham capacidade de colocar pra fora, todas as dores que seu coração não conseguia mais suportar.Ela precisava de um refúgio, algo ou alguém que a resgatasse daquela situação desesperadora. Não queria novamente se entregar ao uísque e as carreiras dec ocaína, coisas que tinha abandonado por causa dele e que agora por causa dele voltava a cair. Quando tiraram a tampa daquela fossa? Quando tropeçou e não viu? Quando ele a abandonou? OU quando ele se deixou de mão? Não sabe. Não consegue responder. Nunca soube, na verdade. Era melhor. Doía menos; não que não saber o que era ou quem era não doesse, mas com certeza, o desconhecimento era mais ameno, mais tolerável.

19/11/2010

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Ele: Ei, vamos brincar?
Ela: Brincar? De que?
Ele: Uma brincadeira muito divertida. Vamos pegar o coração de alguém e pisar, quebrar, cortar, magoar, vamos fazer misérias com ele.
Ela: Mas isso não é divertido...
Ele: Então por que você achou quando fez isso com o meu?

15/11/2010

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A verdade é que, enquanto você estiver assim, nessa interminável agonia, esperando notícias que nunca chegam, vai deixar passar várias possibilidades interessantes ao seu redor. Claro, ninguém se compara a quem você aguarda, mas quem você aguarda não está disponível no momento. Poderá, inclusive, nunca estar, apesar de tudo o que foi dito naquele dia. Pessoas que somem não são confiáveis.


[Fernanda Young]

13/11/2010

Eu fico com a inocência das respostas das crianças...


[Baseado em fatos reais. Os nomes foram trocados para preservar a privacidade dos envolvidos.]

- Seu Adaílton... - grita Julinho ao sair correndo de seu quarto.
- Fale garoto - responde o homem ao menino.
- É verdade que a Letícia e o Gerônimo são namorados?
- Como é, filho? - responde o senhor, atônito.
- A Letícia e o Gerônimo. Namorados. Eles são?
- Não sei, pequeno. Nem sabia que eles já se conheciam... Mas por que você diz isso?
- Porque o Gerônimo tá mexendo no cabelo da Lê, e ela tá olhando pra ele com cara de babaca; e uma vez, o mano me disse, que quando uma menina olha para um garoto com cara de retardada, é que ela gosta dele.
- Tudo bem Julinho, mas isso não quer dizer que eles sejam namorados - diz Rogério, pai de Julinho.
- Mas é que ele também olha pra ela com cara de peixe morto... E eles quase se beijaram...
- É? - pergunta admirada Patrícia, a mãe do Julinho.
- Sim mamãe! Coisa nojenta ficar grudado daquele jeito, parecendo dois cachorros brigando...
- Mas pequeno - Adaílton, saindo do choque, volta dizer - se eles se gostam, é normal que se beijem, se abracem, troquem carinhos e fiquem se olhando com cara de babaca, como você mesmo disse.
- E o senhor não vai xingar ele depois? Não vai falar nada para ele? Nada. Nadinha?
- Claro que não Julinho! E até fico feliz em ver meu filho apaixonado. Ele já está na idade de namorar, casar, ter filhinhos curiosos assim como você...
- Mas seu Adaílton.. Apaixonado?
- Sim Julinho. Apaixonado. Amando. Enlouquecido...
- E uma pessoa quando tá apaixonada, ela fica assim como eles, babaca, bobalhão?
- Fica. E às vezes, até pior.
- Mamãe...
- Fale Julinho!
- Não deixa nunca eu me apaixonar, tá!?

11/11/2010

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Entre prédios e arranha-céu
Nada é igual, isso pra mim não é normal.
Quero voltar pra minha pequena cidade.
Aonde eu nasci, aonde eu cresci.


[Banda Phayzer]

Fragmentos.

Contrariando aquele compromisso
Talvez fosse difícil te contar
Talvez fosse complicado me entender
Mas existem fatos que não se explicam
E este com certeza é um
Eu sumo buscando meus sonhos
Você ressurge trazendo outros
É como um pesadelo do qual nunca vou acordar
Fico dando voltas e voltas no mesmo lugar
Queria poder sair daqui
Procurar uma nova saída
Para uma mesma e velha situação
Na qual eu nunca deveria ter entrado
Nunca deveria ter ficado
E agora sentada no chão frio
Fico chorando as velhas lágrimas
De um amor que era tudo e tão bobo
Agora nada disto sobrou
Além de fragmentos jogados ao chão
E de mim, juntando os cacos
Para tentar reconstruir
Uma história marcada por pedaços
Pedaços meus.
Seus pedaços.
Nosso pedaços.
Alguns pedaços.

07/11/2010

Porque fui eu.


Faz tempo que não ouço a sua voz
Só liguei para ver como está
Se a vida continua da mesma maneira
Ou se algo mudou nesses dois anos
Queria saber se o tempo já te curou
De todas as feridas que a minha fraqueza te fez
Se a cicatriz está fechada
Ou se ainda sagra as vezes
Sei que nunca fui a melhor pessoa
Eu só não quis te fazer sofrer
Mas fracassei em todas as tentativas
E toda lágrima que cair de seus olhos
Vai doer em mim
Porque fui eu que te causei essas dores
Porque fui eu que não soube te fazer feliz
Nossas vidas seguiram rumos opostos, eu sei
Mas eu quero saber se você lembra
De todos aqueles beijos que te roubei
Na chuva
Só tenho medo de todas essas lembranças
Te fazerem doer, te fazerem chorar
Nunca fui quem você sempre quis
Mas agora quero que saibas
Que toda a lágrima que eu chorar
Será dolorida como a sua ausência
E vai ser como uma vingança do tempo em seu nome
Me lembrando que fui eu
Quem te fez chorar.


Não sei o que é isso. Se é música, poema ou poesia.
Só fiz. Inspirada em uma pessoa que eu quase não conheço.
Mas enfim.
Estamos ai. : )

02/11/2010

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Um brinde a nós dois. Que a vida reuniu, separou, fragmentou e não conseguiu, simplesmente não conseguiu derrubar porque nós somos pessoas melhores – e também piores – porque estamos juntos.


[Desconhecido]




e para sempre seremos melhores.
para sempre seremos mais fortes.
para sempre seremos apenas nós dois.
um contando com o outro e o outro com o um.
é muito mais que uma simples história passageira.
é infindável.

29/10/2010

Secret.

Sou aquele pedacinho de papel, grudado na geladeira. Sou aquele pregador de roupas, fechando o pacote de biscoitos. Sabe aquela garoa fininha do fim do tarde? Sou eu. Sabe aquele trecho da música que você não consegue lembrar? Eu.
Eu sou tão invisível, tão imperceptível, tão inotável, tão in, que você não enxerga, não alcança. Mas eu alcanço você. Demaneiras tão distintas e tão distantes. Te afeto, te acerto, de maneiras tão singelas e simples, que você nunca vai perceber a minha existência.
Mas prefiro. Zelo discreto de um sentimento enorme.

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Estranheza.
Disformidade e distorção.
Não reconheci aqueles olhos no espelho. Eram diferentes dos que eu conhecia, eu nunca os tinha visto tão maculados e tristes, tão sujos pelo mundo. Não assimilava meu corpo, minha mente, não conseguia perceber se estava sóbria ou ainda inebriada.
O que eu havia feito? No que estava me transformando? Eu não era assim, eu não sou assim. Que estranho lapso de consciência havia me abatido para que não me lembrasse dos meus valores, dos meus conceitos, verdades e ensinamentos?
Embora procurasse respostas em todos os cantos obscuros em minha volta, a única coisa que encontrava era dor. Alheia e própria.
Dilacerando não a carne; dilacerando a mente, o meu eu, externo, interno, inteiro.
Precisava de recuperação. Urgente.

14/10/2010

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O cheiro dele era tão bom nas mãos dela quando ela ia deitar, sem ele. O cheiro dela era tão bom nas mãos dele quando ele ia deitar, sem ela. O corpo dela se amoldava tão bem ao dele, quando dançavam. Ele gostava quando ela passava óleo nas suas costas. Ela gostava quando, depois de muito tempo calada, ele pegava no seu queixo perguntando ? o que foi, guria? Ele gostava quando ela dizia sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo.

[Caio Fernando Abreu]



ex is ever present.

12/10/2010

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Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.


[Martha Medeiros]

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Sou tão previsível como a programação da tv aos domingos. Principalmene quando ele chega. É tudo tão ensaiado, tão coreografado. Dá nervoso de pensar que alguma coisa pode sair errado. E se sair? Eu saio correndo ou improviso? Não sei, na hora eu vejo...

Deixa eu repassar; essa mão vai pra cá e para no cabelo, com a outra , gesticulo e toco nele de vez em quando... - Ah Janice, deixa de ser tão neurótica, vai menina! - Mas não dá, poxa! Ele é tão lindo que nem sei como olhar para ele direito.
O problema é que ele tá tão nem ai pra mim, e mal sabe ele, que esse naõ estar me deixa tão mais apaixonada...
inspirada no alemão ali.

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Existem dores que não são amenizadas.
Não existe Rivotril que consiga curar um coração que sofre.
Mas no instante resolve.
Se chapa. Se monga. Adormece.
Mas acora, e volta. E não resolve.
E vem a dor. E vem a lágrima. E vem o sofrimento.
E nada muda. E nada gira. E nada.
Aumenta a dose do Rivotril.
Se não adiantar, troca.
Diazepan, Lexotan. Quanta é a variedade.
É só escolher. Um ajuda. Um soluciona.
Não. Não soluciona. mas ajuda.
É triste? É. É desesperador? Também.
Mas passa. Uma hora passa.
Muda, segue, supera, passa, gira.
E tenta. Segue tentando.
Um dia você consegue.
Ser feliz, oras. Ser normal.
Enquanto isso, se chapa, se monga. Adormece.
E sonha.

Alegria! Alegria?


Abram alas, o circo chegou!
Cheio de atrações para encantar os adultos e a criançada, trazendo alegria para todos. Mágico, trapezista, malabarista. Equilibrista, contorcionista, palhaço...
Ah, o palhaço... que encanta e faz sorrir, que alegra até o mais rabugente dos seres. O palhaço, cheio de magia e brilho, não deixa o riso cessar, não deixa a graça acabar. O maior e o melhor, a grande atração, o que atrai o público. Mas é tão triste ser palhaço; por detrás de toda aquela maquiagem e pasta d'água, existe um homem, existe um coração, existem situações irremediaveis, insolucionaveis. Existem dores.
Palhaço também chora. Palhaço também sofre. Palhaço também é carne, também é osso. Palhaço também tem uma família a zelar, tem contas a pagar, tem sonhos a realizar. Podem ser Joãos, Josés, Pedros, Marcelos,entre tantos outros que tem apreensões, que tem dúvidas.
Mas são palhaços.
E no momento que pintam o rosto, o nariz se torna rubro e os pés tocam no picadeiro, os sonhos somem, os problemas desaparecem o RG é esquecido, e ali, naqueles próximos minutos, não existem dificuldades, não existem barreiras; tudo é riso, tudo é esquecimento; tudo é ali, naquele momento. É o trabalho deles. Depois se resolvem os problemas. Depois solucionam-se as dores. O importante é não deixar o riso cessar. Depois a vida volta. Quando o espetáculo acabar, quando a luz desligar, quando a lona fechar. Quando se voltar a ser humano, quando se voltar ao normal.
Não existe circo sem palhaço. Não existe palhaço sem dor.

10/10/2010

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O rico e o pobre são duas pessoas. O soldado protege os dois. O operário trabalha pelos três. O cidadão paga pelos quatro. O vagabundo come pelos cinco. O advogado rouba os seis. O juiz condena os sete. O médico mata os oito. O coveiro enterra os nove. O diabo leva os dez. E a mulher engana os onze."


[Nelson Rodrigues]

03/10/2010

Então...

E então ele volta.
E eu tinha planos. Minha convivência do dia-a-dia era tão magnífica. Eu havia me tornado amiga íntima da solidão. Ela que é tão cheia de truques e artimanhas, e eu tinha passado por tudo com louvor. Estava me tornando especialista em autodiversão, autosatisfação e autosuficiência. Eu havia me superado. Eu havia o superado.
E então ele volta.
Com o coração na mão, com lágrimas nos olhos e um pedido na alma. Como criança abandonada, pedindo um pouco de alimento, ele me chegou novamente. Pedia carinho, atenção e jurava fidelidade. Mas havia uma dúvida, havia uma cicatriz, havia um passado incompleto. Uma história com começo e com um final não definido.
E então ele volta.
Com as armas guardadas, a persuasão escondida, a falsidade pra fora e a sinceridade na face. Explicando porque se foi, argumentando porque voltou. E disse que não vai mais embora, e disse que vai entender, e disse que vai recuperar o tempo, e disse que quer o meu melhor sorriso sempre, e disse que me ama e que não sabe viver sem mim, e disse que percebeu o quanto eu sou importante. E meu coração sacana, safado, burro e desmemoriado, se convence.
E então ele fica.

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Mas de uma coisa eu sabia: cada segundo que eu passava com ela só iria aumentar a dor que eu sentiria depois. Como um viciado com seu suprimento limitado, o dia do ajustes de contas estava chegando. Quanto mais doses eu tomasse agora, mais difícil seria quando meu estoque acabasse.


[Amanhecer]

26/09/2010

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Feliz todos os dias para ti. Feliz todas as horas. Você é um cara tão especial para mim. Porque você pintou no momento em que eu pensava que havia perdido o interesse pela paixão. E mesmo a tua recusa e mesmo o teu estranhamento inicial, apesar dele, eu ainda te adoro da mesma forma. De um jeito tão particular e tão inteiro que talvez você não compreenda jamais, que talvez eu não seja capaz de me fazer entender nunca. Eu abriria mão de muitos vícios por você. Um amor não é só o amor no peito. Um amor é também essa falha na comunicação. Essas imperfeições no querer de um e no compreender do outro. Eu te quero tão bem. Eu só te quero bem, aliás. Eu vou curtir o meu show. Boa noite, boa todas as noites sempre. De coração. Onde eu estiver de noite, eu vou lembrar você.’
[Egídio La Pasta Jr.]

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Mal acordei hoje porque mal dormi. Pisco o olho e vejo seu rosto. Fecho os olhos e seu olhar assustado me olhando, ontem à noite, não me sai da cabeça. E se você quer saber, tá foda mesmo. Tá foda ter que fingir que eu não to nem aí se te vejo com outra. Tá foda esperar por uma ligação que nunca acontece. Tá foda não poder te ligar porque meu orgulho idiota não deixa. Tá foda saber que você não me liga porque seu orgulho muito mais idiota que o meu não deixa. Tá foda agüentar a sua covardia e muito mais a minha que só conseguiu juntar algumas palavras toscas e escrever um texto. Tá foda fingir pra mim mesma que não tá foda toda vez que eu te vejo. Tá foda até quando eu não te vejo.
Eu não sei quantos anos a gente finge que tem, mas a gente não é adulto o suficiente pra conversar como deveria. Eu não sei o que essa merda desse orgulho idiota faz na vida da gente que não deixa a gente ser a gente e simplesmente viver. Que não deixa a gente se entender. Que não deixa a gente se querer mesmo sem entender. Eu não sei e se soubesse também não saberia explicar. O que eu sei é que tá foda te ver e não poder te querer. Ainda ter seu telefone e não poder te ligar. O que eu sei é que por meia dúzia de atitudes idiotas, a gente nunca mais se falou. Meia dúzia e duas pessoas idiotas.
Isso não combina comigo. Fingir que nada aconteceu, fingir que não te conheço, fingir que não te vejo e fingir que não te quero. Pro inferno com esse negócio. Já devo ter te contado que sou péssima atriz. Finjo pra mim mesma e nem eu acredito. E não acredito que você não me quer mais. Não acredito que você me viu ontem e não sentiu um friozinho na barriga. Não acredito que você só me quis por causa da minha barriga. Não acredito que a gente daria certo por mais que uma noite de festa. Não acredito na gente, na verdade. E, mesmo assim, não acredito que seja o fim.
Na verdade, não sei mais em que acredito. Eu, que já acreditei em você, não acredito em mim mesma escrevendo esse texto. Eu, agora, nada sei, só sinto. E o que eu sinto é que eu engasgo com a respiração quando você passa do meu lado. Sinto que o homem forte que você é fica sem saber o que fazer quando me vê. Sinto muito, mas a gente ainda sente. E acho que se não sentisse, a gente deixaria a porra do orgulho de lado. Sinceramente, você nunca foi meu homem-objeto como você pensava. E, no fundo, eu sei que não fui só um corpo que te fez companhia nas festas onde você nunca precisou de mais nada além da sua vodca com energético. Você sempre foi uma boa companhia e um papo inteligente. Eu sempre fui uma piada nos momentos trágicos e um carinho no seu cabelo. E, por mais que eu nunca tivesse acreditado num final feliz pra gente, eu nunca imaginei que o desfecho fosse esse. Nunca imaginei que nosso orgulho fosse separar a gente.
[Brena Braz]

Que seja doce...


Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder.

[Caio Fernando Abreu]

25/09/2010

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[...] mas eu estou aqui parada, bêbada, pateta e rídicula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado comigo: um dia eu encontro.

[Caio Fernando Abreu]

19/09/2010

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Eu não consigo achar normal, meninas do seu lado. Eu sei que não merecem mais que um cinema com meu melhor namorado. Procuro evitar comparações entre flores e declarações. Eu tento te esquecer. A minha vida continua, mas é certo que eu seria sempre sua. Quem pode me entender?
Depois de você, os outros são os outros e só.
[Leoni - Os Outros]

12/09/2010

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Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida.


[Fabricio Carpinejar]

11/09/2010

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Cansei de quem gosta como se gostar fosse mais uma ferramenta de marketing. Gostar aos poucos, gostar analisando, gostar duas vezes por semana, gostar até as duas e dezoito. Cansei de gente que gosta como pensa que é certo gostar. Gostar é essa besta desenfreada mesmo. E não tem pensar. E arrepia o corpo inteiro, mas você não sabe se é defesa para recuar ou atacar. Eu gosto de você porque gostar não faz sentido.



[Tati Bernardi]





gosto. gosto. gosto. e fim. dá pra entender né? espero que sim.
porque se naõ der, eu coloco uma faixa na entrada
do seu prédio. : ))

10/09/2010

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Eu sei que eu fico em você, eu sei que marco você. Marco fundo. Eu sei que daqui a um tempo, quando você estiver rodando na roda, vai lembrar que, uma noite, sentou ao lado de uma mina louca que te disse coisas, que te falou no sexo, na solidão, na morte. [...]



[Caio Fernando Abreu]

07/09/2010

Lindo. Tão Lindo...

Vê-lo ali, tão indefeso, tão preciso e perfeito, me dava uma sensação incrível de paz. era como se ali, naquele instante, ele perdesse todo aquele tamanho que ele tem e virasse uma criança, um anjo, pois era o que realmente parecia: algo divino.
Eu, por mais que tentasse, não conseguia parar de contemplar tal cena tão angelical. Me fiz ficar acordada, apenas para vê-lo dormir. Ele dormindo tem um sorriso encantador, que te faz corar só de dar uma olhadela. Tão perfeito... tão sereno. E naquele momento, somente por aquele momento, tão meu. o que viria depois não me importava, o importante é que aquele momento, enquanto ele dormia tranquila e lindamente, ele era meu. Só meu...


E foi ai que eu percebi, como lhe quero tanto...


Sob trilha de:

Dan Torres - I Can't Live Without Your Love
John Mayer - Your Body is Wonderland

Eu preferia ter sentido o cheiro do seu cabelo uma vez, ter beijado sua boca uma vez, ter tocado sua mão uma vez, que a eternidade sem isso.


[Cidade Dos Anjos]



e aquele nariz me encanta...

05/09/2010


Não tenha medo, se eu ficar louco por você. Não se supreenda, se eu cair aos seus pés. Eu não me importo sobre o que pensam sobre mim. Eu não sei o que fazer porque eu estou apaixonada por você. Quando olho seus olhos, eu posso ver eu e você. Lembre-se este tempo vai durar até o fim. Quando eu encontrar você em meus sonhos, eu não vou deixar você ir, eu vou manter você no meu coração. Eu não posso viver sem você. Eu não consigo viver sem o teu amor.


[I Can't Live Without Your Love - Dan Torres]






Don't be afraid if I go crazy for you
Don't be surprised if I fall at your feet.

04/09/2010

#AosGordinhos

Tenho um conselho valioso para dar aqui; se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute.
Na próxima vez que encontrá-lo, tente disfarçadamente descobrir como é a sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo tanquinho, FUJA! Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim. Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. Estou me referindo aqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais) acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses sim são para manter por perto. E eu digo porque você nunca vai ver um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando feito um idiota em cima do balcão.
Se fizer isso, é pra fazer graça para a turma e provavelmente será engraçado mesmo; já os tanquinhos farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores - e eu tenho dó das que caem -. Quando sentam em um boteco numa tarde de calor, advinha o que os pançudos pedem? Cerveja! Ou Coca-Cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco. Ou pior ainda, um copo com gelo pra beber a mistura patética de vodca com ' Clight' que trouxe de casa.
E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja porque eles não sabem e nem se importam com essa informação. E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar. Você nunca irá ouvir um "ah amor, quarteirão é bom, mas você podia provar uma 'macsalada' com água de coco!". Nunca! Esses homens entendem que se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar.
Mas, uma vez eu repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará nenhum relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande amiga! Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz.
Outra coisa fundamental: homens barrigudinhos são confortáveis! Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois esta é a sensação de deitar no peito de um musculoso besta. Terrível1 Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto! E na hora de dormir de conchinha então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar e fica sensacional.
Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo. Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso para conquistar. E por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz.

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Para um cão,você não precisa de carrões,de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significavam nada para ele. Um graveto já está ótimo.

Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dara o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não.

De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?


[Marley & Eu]

03/09/2010

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Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer - eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom

[Caio Fernando Abreu]

01/09/2010

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Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.
[Caio Fernando Abreu]

31/08/2010

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Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.


[O Caçador de Pipas]

30/08/2010



Fantasia todo dia uma cena de cinema
E o problema é que já não interessa o poema.


(Vera Loca)

29/08/2010

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Eu sei, eu sei. Não adianta nada.
Nada que faça, diga, fale, grite, esperneie, irá adiantar; não vai te fazer mudar ou te fazer enxergar a sua verdadeira importância para mim. Ou fazer mudar seu olhar para mim.

Eu sempre soube que era pra ser uma diversão, um passatempo, um contrato onde ninguém deveria de se apegar e nada além de raros encontros casuais deveriam de acontecer, mas eu não sei explicar como aconteceu ou quando aconteceu, que eu acabei rasgando a minha parte e joguei tudo pro ar, na sorte. Sempre soube e ainda sei, que sou uma bonequinha que você tem na estante, aquela sua preferida para brincadeiras rápidas, a dos olhos verdes mais brilhantes e a que tem o sorriso mais fácil e bonito, aquela que você faz, acontece e esquece, porque sabe que ela nunca vai esquecer, que sempre vai procurar, que nunca vai reclamar, aquela que não te liga, não te incomoda, não se manifesta, por um medo que nem ela mesmo sabe explicar qual é; aquela que sabe que o seu amor - ou o que você chama de amor, o seu tal interesse - é fracionado entre ela e mais algumas outras bonecas que sua estante exibe; bonecas das mais diferentes faces, jeitos e comportamentos. Das suas bonecas, eu conheço uma: a apaixonada grudenta. A que te enche de recados no orkut, que te liga todos os dias e aquela que realmente tem a sua preocupação. Aquela que está a um passo mais próximo de se tornar a sua bonequinha exclusiva e a única bonequinha com a qual você ainda vai querer brincar. Mas ainda assim, tendo a sua boneca única, você em dias vai olhar pra sua estante e vai notar aquela boneca empoeirada, com a cabeça baixa e corpo mole. Aquela que antes tinha aqueles olhos brilhantes e o sorriso que você tanto gostava, a que te esperava fielmente sentada ali no mesmo lugar, a que nunca te esquecia e sempre pedia por um pouco mais da sua atenção. A boneca que você sempre gostou mais que as outras, mas sempre escondeu esse fato; a que tinha de você a maior parte do carinho, mas você não demostrava; a boneca boba, maleável, permissível, que não sabia te dizer um não.

Você vai ver aquela boneca e sentir saudade das brincadeiras dela e do tempo gostoso que ela te dedicava. E vai querer voltar atrás, mas não vai poder, porque ela está empoeirada e fará mal pra sua rinite alérgica. Porque faz tanto tempo que ela está parada que deve ter sido desarticulada. Não vai poder porque ela não tem mais aquele brilho no olhar e aquele maço de dentes a mostra.

Porque vai perceber que ela se tornou apenas um corpo e que a alma que havia nela foi pra outro lugar, foi viver quem sabe, em um algum conto de fadas, com algum Ken da vida, cansada de viver no mundo de aventuras do Max Steel.

28/08/2010



- Você não entende, nunca vai entender!
- Claro que eu entendo! Eu não sou nenhuma criança para não saber. E você sabe que eu também te amo. Para de fazer drama!
- Não é drama. É que naõ é somente amor, é diferente...
- Como? O que você quer dizer com "não é somente amor"?
- É. Tem uma mágica por trás, uma semi angústia, gostosinha de sentir, um desespero, uma felicidade, sei lá, é confuso apenas sentir, explicar é impossível! É algo a ver com a alegria que me dá ao ver o brilho dos seus olhos quando você sorri; com a maneira que você me encaixa nos seus braços; o jeito como brinca com meu cabelo e como seus dedos ficam presos nele; tem a ver com as brincadeirinhas que faz para me ver emburrada, que tanto te fazem rir; a maneira consegue me convencer com apenas um olhar, seus artifícios para me fazer torcer pro time que você torce, ouvir as músicas que você ouve, ir aonde você vai; o jeito desajeitado que você tenta me consolar quando fico triste ou quando fica sem reação ao ver as minhas lágrimas e fica chateado por não conseguir ajudar. E principalmente com o carinho que você me toca, com que me beija... como me faz sentir mais e melhor a cada dia, cada minuto , cada momento que a sua presença é palpável . Ou quando não é presente também... o fato de saber que você existe e me faz bem, basta quando está longe... e me faz sentir saudade dos seus olhos, do seu sorriso, do seu jeitinho infanto-bobo-semi-homem-maduro que me fascina. Mas sentir saudade principalmente do seu nariz... ah, o seu nariz. Eu já disse que antes de me apaixonei por você, eu me apaixonei pelo seu nariz? Verdade!
- Meu nariz? Tá doida?
- Não. Seu nariz é lindo!
- É tá bem doida mesmo! Mas que história é essa de mágica, de saudade, como assim? Dá pra ir mais devagar, mais calma? Se você for exlicando por partes e afobação, quem sabe eu entenda o que você quer dizer.
- Eu disse que você não iria entender... Mas deixa para lá! Seu jeito meio desentendido me encanta e prefiro que fique assim. E ah, eu te amo! Isso você entende né?

11/07/2010

Promessas.


Eu prometi que jamais tomaria um porre de caipirinha feita com cachaça barata. Eu prometi que não escutaria músicas dor-de-cotovelo mais.
Prometi ser menos vaidoso, menos ancioso, menos ingênuo, menos ignorante nas artes da malícia humana.
Arrumar a cama, ler livros, prometi, não correr mais riscos.
Pois bem, quero neste momento fazer a única promessa que posso.
Chega de promessas instavéis! Não sou político, pastor de igreja ou produtos cultural!
Não ofereço parato feito, cantinho no céu, nem pauta na brodway.
[Charlie Rayné]

22/06/2010


'E eu gostava dele, merda, sempre acabava gostando das malditas pessoas e todas as suas loucuras.'

10/06/2010


"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."

[Caio F. Abreu]

03/06/2010

dário de uma louca parte I


Não faço idéia do por que estou aqui. Tenho certeza absoluta que não tem por quê. Dizem que estou aqui porque fantasio demais, que crio histórias, momentos que jamais existiram e que foi por culpa da última que estou aqui agora.
Concordo quando dizem que sou fantasiosa demais, imaginativa demais, mas é mentira que a última também era inverdade. Eu tenho como provar que não era, não é, fruto da minha imaginação. Você existe, eu sei. Eu tirei várias fotos onde estou abraçada a você e elas, estão todas grudadas no mural que está na parede do meu quarto. Eu passeei com você por todos os cantos dessa cidade, de mãos dadas. Eu cantei, enquanto você tocava violão na casa daquele seu amigo, que deveria estar aqui também, por que diz que não me conhece e quando eu pergunto por você, ele diz que você não existe e que eu sou louca. Mas o louco é ele, só pode. Como você não existe se é a coisa mais viva que já me aconteceu nesses 19 anos de vida. Você é real sim, de tanto que eu lembro como a sua mão foi violenta ao largar a minha naquele dia de sol.
Pergunto pro Tom, o meu médico, se você não veio me visitar, se nem sequer passou aqui pela frente, olhando para dentro, me procurando ou se não largou nenhum bilhetinho pra mim na recepção. Tom me diz que não existe nada. Nem bilhete, nem passeio, nem fotos, muito menos você. Eu já tô ficando com raiva dele; ele também não acredita em mim quando eu digo que foi com você que eu vivi os momentos mais fantásticos da minha existência; eu digo pra ele que o seu abraço era o mais reconfortante de todos. Ele me diz que é normal depois do trauma que eu passei criar algo ou alguém pra se sentir segura de todas as angústias e conforme eu for melhorando, eu vou esquecendo você. Mas se eu tivesse criado você como dizem, você não me deixaria, você faria com que eu ficasse segura; mas então, por que dizem que eu te criei se você me trocou? Você não é criado, você é carne e osso. Tô achando que até o Tom é louco; louco cego e malvado.
Eu pergunto pra ele, como alguém vai ser imaginário, se sai em fotos e aponto para o meu mural, em uma foto em que você sorri enquanto eu puxo os seus cachos. Ele diz que não tem foto nenhuma no quarto e finca uma seringa na veia do meu braço levantado. Não dá um minuto e eu apago de novo. Odeio quando eles me dopam; fazem isso pra meu não esperar você. Mas não adianta nada. Enquanto durmo, eu lembro, em sonho, do dia que você me abandonou e começo a gritar desesperada.
A Fátima, enfermeira daqui, vem correndo ver o que está acontecendo. Mas faz isso porque é obrigada, porque se fosse por ela, que eu morresse de tanto berrar. Eu não entendo porque ela é tão rancorosa, tão mal humorada. Um dia eu perguntei isso pra ela; só faltou ela pular no meu pescoço, vontade não lhe faltava, mas ela só não fez isso por uma tal de ética médica, sei lá, o que é isso. Sabe o que eu acho? Acho não, tenho certeza. Acho que ela é mal comida e por isso desconta isso nos pacientes daqui.
Ela é a única aqui que me chama de louca. Mas acho que a louca é ela. Ninguém apaixonado é louco, só não tem razão nos atos e isso não significa ser loucura. Olha eu, por exemplo, não sou louca, mas tô aqui por que te amo. Eu acho que a Fátima nunca se apaixonou, nunca soube o que é se entregar de verdade pra alguém, por isso ela é assim. Mas enfim, isso não é nada demais não. Eu só tenho pena dela por isso. Verdade.
E escuta, mesmo que os outros sejam cegos e não te vejam, eu sei que você existe. E mesmo tendo me trocado, eu te amo, E ainda tô esperando você vir me visitar. Não aguento mais receber só a visita dos meus pais. Eles são tão chatos quando vem aqui. Minha mãe não para de chorar e meu pai me pergunta onde foi que ele errou comigo. Vem. Tá!?
Daí quando você vier, eu posso provar pra todo mundo que você é de carne e osso. E jogar na cara da Fátima que eu não sou louca, e que ela é de verdade mal comida. E fazer o Tom parar de espetar aquela agulha no meu braço. E mostrar pra todo mundo que eu sou consciente. E que os loucos são eles.
Vem me visitar, tá!?

30/05/2010

Santas e Doidas


Eu só conheço mulher doida. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualidades: exagerada, drámatica, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver Até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo... só sendo louca de pedra.

[Martha Medeiros]

27/05/2010

confissões de uma bebada em crise.

Tem dias que eu não queria dormir para não ter de acordar no dia seguinte com a consciência pesada por causa da dúvida. A dúvida de quem eu sou, a dúvida do que vou querer ser, querer fazer, do certo e do errado, do bem e do mal, a dúvida do meu caratér e da minha personalidade.
Mulher tem dessas coisas, né!? A tal da crise de identidade, e eu mais ainda, complicada por natureza, indecisa por natureza, complexada por natureza, nada mais normal sofrer disso; de um dia me achar a gostosa aquela que conseguiria pegar até o Bruno Gagliasso (ah, se ele fosse solteiro...), e faria o coitado em frangalhos. E a na manhã seguinte, me sentir a pessoas mais vagabunda da face da terra; mais puta que as próprias putas.
Mas sei lá, acho que minha bipolaridade também explica um pouco isso. Eu sei, não precisa me dizer, eu sei que sou anormal. Mas não precisa me confundir com um ET também. Sou a louquinha aquela que assusta todo mundo a primeira vista e faz todo mundo sair correndo apavorado de suas ideias sordidas e perversas. Tá, mas espera um pouco, perversão agora virou crime ou defeito? Se sim, então protejam-se do cada um por si e Deus por todos, porque o mundo vai virar um antro de anarquistas radicais revoltos; e aoutra, se perversão fosse pecado, ninguém chegaria a lugar algum. Só que a fuga precipitada das pessoas dessa tal louca-maniaca-efusiva-que-vai-dominar-a-terra, é realmente precipitada. Não é bem assim, poxa! Posso ser um tanto doid, mas tenho minhas opiniões, minhas críticas e minha visão de mundo e , se isso afeta a fraqueza da raça humana, não posso fazer nada e a culpa não é minha.
Talvez Clarice conseguiria me definir, ou até mesmo Martha, mas o pobre Freud daria voltas e mais voltas no túmulo. Sei que sou esquisita à beça, chata, um porre, instável pra caralho, mas me deixa assim porra. E também não admito que queiram me tirar a garrafa de cachaça e meu maço de cigarros vagabundos, eu já disse uma vez e repito: Não tenho uma expectativa de vida muito boa mesmo. E se eu tiver que ajudar a encurtar esse ato desesperado que toda a pessoa chama de viver (e eu chamo de sobreviver, porque viver é outra coisa, que até hoje ninguém sabe direito como é), vamos lá. Mãos à obra!
Sim, eu sou masoquista, cheia de problemas psicólogicos, traumas e o diabo a quatro, afinal, cada um enxerga o que tem capacidade e o que quer; e eu, apenas "reles" mortal, não contesto. Opinião cada um tem a sua. Pode jogar as cartas na mesa.
Mas só não aceito uma coisa: Não vem me dizendo que eu sou a ovelha negra da familia, não. Não sou. Qual é, ser colorido é tão mais divertido e bem mais apavorante para que mamãe e papai possam pensar na possibilidade.

26/05/2010

mas se não fosse...


Se não fossem aqueles cachos, eu juro que acabava com a raça dele. Mas só se não fossem aqueles cachos... com todo o resto eu conseguiria me acostumar sem; A voz dele, de que me faria falta? Só para me arrepiar atráves de algumas palavras sussurradas, nada mais; E eu também nem sentiria falta da boca dele, cheia de dentes tão perfeitos e bem desenhados. Boca essa que me roubava uns beijos de vez em quando, mas que não me abalava em nada; E aqueles olhos castanhos, eu ia precisar mais, afinal, eles apenas me despiam de todas as maneiras inimaginavéis. Só porque ele me decifrava atráves dos olhos, não quer dizer que eles fossem importantes; E as mãos dele, com aqueles toque tão suaves e milímetricamente conquistadores, eu conseguiria esquecer instantaneamente. Mas aqueles cachos...
(Gabriel Carvalho, one more time, inspirador do texto... )

25/05/2010

"...enquanto todo mundo espera a cura do mal
e loucura finge que tudo isso é normal
eu finjo ter paciência..."
(Lenine - Paciência)

01/05/2010

midnight confession.


eu não vou chorar. não vou espernear, brigar, gritar. me considero maior que isso. vai fazer falta?
sem dúvida nenhuma. mas foi preciso acontecer.
quem saiba ela possa fazer com que você se sinta melhor, mais forte. mais feliz.
coisa que eu tanto tente, eu jamais consegui. :}
mas eu saio dessa feliz.
com dor, sem contestação, mas extremamente feliz.
você me fez feliz no pouco tempo em que convivemos e isso me basta.
afinal, apesar de tudo, ainda somos amigos,
né, companheiro? :)

24/04/2010

Quinze pras Nove;

Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti.
Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Eu espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril. E desaparecer.
Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases em inglês mas o tempo todo penso “I don’t care”. Caguei. Foda-se. Eu espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril e desaparecer.
Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Algo entre uma santa e uma pilantra. Desde que no controle e irritada. Agora, não quero mais nada. De verdade.
Ah, o roteiro não ficou bom? Então não me pague. Não vejo as mulheres mais bonitas em volta e corro pra malhar. Não quero malhar. Não vejo o que é feio e o que é bonito. É tudo a mesma merda. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maça. Não ligo pra dor. Pro sangue. Pro desfecho da novela. Se o trânsito parou, não buzino. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se. Deixa assim. A vida é assim. Não brigo mais. Eu só espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril e desaparecer.
Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero, de verdade, do fundo do meu coração, que chegue logo as nove da noite. Hora do Rivotril. O remédio que me chapa. Eu quero chapar. Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Mas tudo meio que por osmose. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir e cagar pra ele.
Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e...quer saber? Nem eu. Chega.
Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo.
Eu só espero chegar as nove da noite pra tomar meu Rivotril e desaparecer. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.

Tati Bernardi

21/04/2010

O mundo é enorme sem toda a culpa que eu carrego por não ser a menininha leve e sem preconceitos que curte ver o desenho da Lua no mar e não se abala com tanto amor e nem com o medo e o cansaço que viver causa. Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só.
[...]
Eu quase morri de tanto que queria viver. E eu tô quase acabando com o seu amor por mim, de tanto que eu quero que você me ame. Percebe? Louca. Louca e só, porque ninguém vai agüentar isso.
Eu sempre estou só quando sou tomada por um susto longo e paralisador que dá vontade de me concentrar apenas em mim, e não ver nada e nem ninguém, por isso quis chorar só e escondida atrás da porta, como um rato que todo mundo tem nojo, que causa doenças, que tem um longo rabo deixando tudo entreaberto para trás, mas que no fundo só quer um pouco de queijo, como qualquer criança bonitinha. Carregar nossa alma, com tudo o que ela tem de bom, de mal e de incompreensível, é uma tarefa solitária.
Eu sempre fui só querendo ter uma família grande, café da manhã, Natal, cachorro, e eu continuo só quando te vejo como minha família, mas você me deixa sozinha com duas ou três opções de suco para uma ou duas opções de pão. O mundo é cheio de opções sem você, mas todas elas me cheiram azedas e murchas demais.
Eu continuo só quando quero escrever uma vida com você, mas você detesta meus caminhos anotados e minhas regras. E eu detesto seu sono e sua ausência. Eu detesto seu riso alto e forçado pisoteando o meu mundo de sombras, eu detesto você saindo pela porta e as paredes se fechando, se fechando, e eu sem poder berrar para, pelo amor de Deus, você me resgatar, e me colocar no colo, e me dizer que você me entende e sofre também.
Eu sou só porque enquanto eu pensava tudo isso, você impunha aos quatro ventos, querendo parecer muito forte e macho para seu grupinho muito forte e macho, que você poderia simplesmente abaixar meu som ou mudar de canal, como um programa chato qualquer que passa na sua tv.
Eu hoje fui ao banheiro duzentas vezes para ficar longe do meu celular e do meu e-mail, ficar longe de todas as possibilidades da sua existência. Me olhei no espelho bem profundamente para enxergar minhas raízes e ganhar força, chorei algumas vezes, fiquei sentada no chão do banheiro, para ver se meu corpo esquentava um pouco ou porque estava mesmo me sentindo um lixo. O ar-condicionado hoje está insuportável, mas eu não acho que mude alguma coisa desligá-lo.
Estar sozinha não muda nada, conheço bem esse estado e, de verdade, sei lidar até melhor com ele. O que me entristece, é ter visto em você o fim de uma história contada sempre com a mesma intensidade individual.
Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga para a minha solidão. Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia.

(Tati Bernardi)

11/04/2010

antídoto.

você me provoca. me irrita. me cutuca com a ponta do pedaço de pau.
com o galho quebrado. você me perturba. joga água e sai correndo.
atira a pedra e me acerta de raspão. me espia no escuro e mostra a língua.
me xinga. me atiça. invade o meu sossego. meu refúgio.
pisa no meu ninho com os sapatos sujos. na minha toca.
sem saber o meu tamanho, até onde vai meu bote, você me provoca.
achando que não há perigo.
sem conhecer a força da minha mordida. o tamanho dos caninos.
você me provoca, sem esperar a picada. sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno.

(Caio F. Abreu)

25/03/2010

faz por mim?

me leva a novos lugares? faz comigo o quê ninguém nunca fez? me faz sentir bem? brinca comigo no parquinho? me empurra no balanço? come algodão doce comigo? me abraça forte quando estivermos no alto da roda gigante? segura minha mão quando eu ficar com medo? me explica as coisas que eu não entendo sobre futebol? não deixa eu chorar por tristeza? promete que vai deixar eu ficar sozinha quando eu precisar? que não vai rir quando eu ficar com medo do filme de terror? que mentir que eu não estou gorda? que vai rir das minhas piadas sem graça? que vai ser criança junto comigo? que vai deixar eu cantar as minhas músicas dor-de-cotovelo pela casa? que vai me beijar quando eu menos esperar? que faz me aquecer no seu abraço quando eu tiver frio? que vai me levar a todos os lugares? que não vai se envergonhar de andar de mãos dadas comigo? que vai rir quando eu ficar emburrada com você? promete que um dia busca uma estrela pra mim? me ensina o que eu não sei? me defende quando sua mãe brigar comigo? deita sob o céu e fica olhando as estrelas? promete que faz carinho no cabelo até eu dormir? que vai me lembrar todos os dias o quanto gosta de mim?

[para Yuri Dalonso. é. um dia nós casaremos sim, amor. ]

01/01/2010

again.

mais um ano. e eu volto com as promessas. e volto com os desejos. e volto com todo o resto. mas desta vez vou ver se registrando eu consigo cumprir o máximo deles possível. até porque todos é meio improvável, mas vai saber.

um regime urgente. entrar na academia. arrumar um trabalho. passar no vestibular. tomar vergonha na cara. aprender a dizer não. largar a bebida. não falar tanto palavrão. me comportar. deixar de fumar. rir mais. chorar menos. cantar mais. me esforçar mais. ser mais carismática. mais simpática. menos idiota. não me deixar levar pelas palavras do primeiro pateta que aparecer na frente. esquecer tudo que passou. arrumar um namorado. DECENTE. começar as aulas de qualquer instrumento. comprar um contrabaixo. ver um show do Jay Vaquer. ir a mais festas. arrumar novos amigos. deixar de ser irônica. conseguir ser mais cínica ás vezes. viajar mais. brincar mais. falar mais sério. crescer um pouco mais. manter amizades. procurar saber mais. admitir meus erros. procurar ficar mais sozinha. não me isolar tanto. ser menos egocêntrica. ser mais egoísta. deixar a que existe em mim criança me dominar. fazer mais fiascos. gritar mais. saber calar. saber falar. que eu saiba como ter sucesso. que eu seja reconhecida. que meu talento valha a pena. que meu sorriso naõ seja falso. que eu beije muito. me divirta muito. que os 'nick nick' dominem a minha vida...
entre tantas outras coisas que não lembro mas que quero fazer. quero deixar de fazer. essas são as mais provavéis. [tirando o show do Jay Vaquer ali :s]

é tudo que eu quero. e desejo. e que espero tornar realidade.


era isso... eu acho. :x