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26/02/2011

- Alô?

- Oi? Desculpa tá ligando de novo. Eu sei que jurei nunca mais te ligar depois de tudo que aconteceu e de toda a dor que nos fazemos forçar, mas eu não resisti a essa pressão toda que tá aqui dentro de mim aqui, dizendo que era pra mim te ligar e te dizer tudo que tá engasgado na minha garganta. Pra te dizer que eu sinto a sua falta, que você é indispensável na minha vida e que eu não sei mais que rumo tomar sema sua voz pra me aconselhar. Sei que fui uma idiota, uma estúpida por ter dito tudo aquilo pra você, mas foi no calor da hora e quando a gente tá no calor da hora, a gente não sabe o que fala. Eu nunca deveria ter me intrometido no seu relacionamento com ela. Você estava apenas tentando seguir em frente e eu, egoísta, fui lá e atrapalhei tudo. Onde eu tava com acabeça meu Deus? Eu não sei, eu só queria te pedir perdão também por todas as vezes que eu fui fútil contigo e não demonstrei todo o meu apoio nos momentos mais difíceis que você passou quando estava ao meu lado. E desculpa também por ser uma espécie de delegada na sua vida, uma ciumenta incurável que não sabia mais o que fazer pra ter você só pra mim. Sempre eu, eu, eu... Nunca tava nem ai pra você. E liguei pra isso também, pra dizer que se precisar de ajuda, pode me chamar. Não sei se será de grande valia, mas pelo menos o esforço eu acho que já conta, ?! E queria te pedir desculpa por ter descumprido o nosso trato de evitar contato, mas é que eu precisava te dizer isso...

- Tudo bem. Foi bom ouvir sua voz também...

20/02/2011

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Eu não queria repetir essa cena. Eu não queria ter de apelar tudo de novo.
Procurava me manter firme, estátua de concreto inabalável. Parada, estática, sem querer saber do seu paradeiro, como estava, com quem estava andando, se ainda namorava, se ainda vestia as mesmas roupas, se cantava as mesmas músicas e se ainda me considerava um pontinho no meio de tantas coisas importantes que você tem nessa vida. E não me importava. Realmente, não queria ter a mínima noção de qual maneira você estava tocando a sua vida. Tinha decidido te esuqecer e avançava vigorosamente a cada dia.
Os pensamentos em você, que antes tão frequentes, agora raramente me ocorriam. Pensava mais na faculdade, no trabalho, na ausência de festas e em todos os textos que escrevia pra mostrar o quanto eu era forte o bastante, a ponto de escrever coisas esdrúxulas sobre você e sobre suas manias estranhas. Eu não ligava mais. Você era apenas mais um que, fez parte da minha vida mas que acabou indo embora sem aviso prévio. Mas você nunca foi embora. Vivia entranhado em tudo que existia em mim, no meu quarto, na minha casa. Tudo era você, até na rua, as pessoas eram você. Mas eu evoluia. E seguia vivendo como se nada nunca tivesse acontecido. E sabe, até parecia mesmo.
Mas uma frase sempre muda tudo.
Você diz que vai embora e que talvez nem volte mais. Vou ao chão e todo meu progresso me acompanha. Como um vidro, estraçalho tudo que tinha conseguido de maneira rápida e instantânea. Uma coisa é viver sabendo onde você, sabendo como você está e onde vai é uma coisa. Não ter noção de como a sua vida anda, do outro lado do mundo é uma coisa muito diferente. E não existe remédo que vá me curar da dor que eu sinto agora. Um misto de abandono com uma rejeição que grita dentro do peito pedindo: Não vai! Não vai! Fica aqui, fica comigo! Eu não sei mais viver sem saber da sua existência! Fica!
Mas você não escuta. Esses meus gritos são mudos. E antes de embarcar no avião, você me olha com olhos de quem pede pra que eu impeça você, pra que eu diga que você largue tudo e fique aqui comigo, mas não sai nada d aminha boca. Ela esta lacrada, tampada por alguma amarra invisível, qual não consigo tirar. E nos meus olhos só lágrimas. Nos seus olhos lágrimas.
- Adeus, eu sentirei muito a sua falta! Principalmente quando você me olhava com esses seus olhos doces e me dizia através deles o quanto você gostava de mim, e como isso me fazia sentir um idiota. Adeus, quem sabe um dia a gente ainda se encontra e tenha outra chance.

19/02/2011


-Você não tem?
- O quê?
- Vontade de voltar.
- Agora é muito tarde.


[Caio Fernando Abreu]
Hoje, eu sou apenas um vento.
Brisa, não tempestade.
Passageira e sem destino.
Somente corrente.
Sem partida, nem chegada.
Sem motivação para permanecer
E sem ânimo para continuar.
Bastaria apenas a força de vontade
Para continuar a correr?

17/02/2011

Sister Me.


Faz vinte anos que você perdeu o sossego. Foi quando eu cheguei.
Roubei os pais que eram unicamente seus e fiz eles me darem uma atenção extremamente exclusiva, que acabou de deixando meio de lado. Eu acordava você durante a madrugada com choros estridentes, até que alguém viesse ver o que estava acontecendo comigo. Mas você não se importava, até achava bonitinho. Ver aquele etzinho branco e redondo berrando por qualquer coisinha e precisando sempre de alguém pra acudir. Não sei como você suportou tanta pressão. Você era apenas uma criança e talvez não entendesse direito o que acontecia. Mas nunca reclamou de nada.
Pequena, as vezes, me pegava no colo só pra mostrar o quanto era forte e gostava de mim. Sua mãe, muitas vezes te xingou por causa disso. Tinha medo que, na sua pequenez e fragilidade, você me deixasse cair no chão e me machucasse. Você aprontou comigo também e saia de vítima. Muito apanhei por causa de suas estripulias, nas quais, como era menor, mais gordinha e então mais lenta, ficava pra trás e sofria pelas duas.
Brincou comigo. Aturou meu gênio insuportável desde sempre. Me ensinou bastante coisa, principalmente como ter um certo respeito por você (até porque se ele não existir, o chinelo come no lombo).
Brigou comigo, quando certa ou errada ou quando apenas afim de brigar.
Chorou comigo, quando a coisa tava feia ou quando era apenas nós duas contra o resto todo de um mundo feio e perverso. Ou quando algo de bom acontecia.
E era tão boa a cúmplicidade que fluía dali.
Não sei o que aconteceu. Se eu amadureci ou se você endureceu, só se sabe que nada está igual. Você sabe. Eu sei. E não existe nada que disfarce. Virou inverno e nós não percebemos.
Mas o que realmente importa, é que estamos aqui estamos juntas. E que mesmo depois de vinte, além disso, nada mais mudou e nada mudará. É lei concreta do brilho intensamente eterno da relação de irmandade.
Sangue do meu sangue, te preservarei para sempre. Como a primeira, como a única. Como a irmã que me atura desde antes da alegria e da tristeza. A que não se importou em ser deixada de lado quando criança e continuar esquecida depois de crescida. Você sempre foi forte, embora fraca e pequena. E eu te admiro. E eu te admirarei.
E te lembrarei.
E te amarei.
Prometo.

06/02/2011

Physics

No céu estrelado
E eu não suportando mais a sua ausência
Seria pedir demais
Que você estivesse aqui?
Contrariando toda a física
Com os opostos distraídos
Não te encontro pra me dispor
Longe de todos os sonhos e sorriso
Encarando a solidão cara-a-cara
Pensando apenas em
Desatizar a soma que nos subtrai
E fazer o pedido que assombra
Paraquela estrela solitária que cai
Ter você pra mim
Um resultado preciso, exato.

03/02/2011


Durante todo o dia olhando para o teto
Fazendo amizade com as sombras na parede
Durante toda a noite ouvindo vozes me dizendo
Que eu deveria dormir um pouco
Pois amanhã pode ser bom para alguma coisa
Espere aí
Sinto que estou em indo em direção a um ataque nervoso
E eu não sei por que
Mas eu não estou louco, só não estou muito bem
Eu sei que agora você não pode dizer
Mas fique por aí que talvez você vá ver
Um outro lado meu
Eu não estou louco, só um pouco enfraquecido
Eu sei que agora você não se importa
Mas logo você vai pensar em mim
E como eu costumava ser... eu


[Matchbox Twenty - Unwell]