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01/08/2015

Botei o relógio pra despertar às 8 horas amanhã. Sim, sei que parece insano colocar o despertador pra acordar cedo no domingo, mas eu fiz. Cada um comete suas próprias loucuras. Tem gente que salta de pára-quedas, tem gente que gosta de nadar com tubarões, tem gente que casa e eu acordo cedo. Paciência, nem todos são iguais.
São as nossas loucuras que nos diferenciam uns dos outros. Vai ser se o cara que te serve café na padaria toda manhã não gostaria de estar fazendo alguma outra coisa. Claro que sim! Talvez ele quisesse estar em uma aula de corte e costura, pintando e bordando roupas para esses homens que nem ele, com estilo lenhador. Ele só tá padaria pra sobreviver. O quanto a gente faz só para poder sobreviver nesse mundo ingrato? Muito e ainda mais. Com o tempo, os preços e as previsões não se têm muito que fazer além de tentar abocanhar um pedacinho de sorte, sucumbir ao tédio, sorrir amarelo e fingir que está tudo bem só para conseguir viver com alguma decência.
E enquanto isso, ele segue queimando os dedos no pão quente e eu, infelizmente, acordando cedo no domingo.

18/06/2015

Já estou mais do que convencido que não deve ser você. Quantas mancadas você já deu, quantos coisas eu já aceitei. Aceitei simplesmente porque parecia que valia a pena tudo aquilo, e que te perder parecia exagero. Você fez tanto pra provar que não ia dar certo, mas eu sou teimoso, e a cada vez que você pisava na bola eu insistia mais, queria mais. Agora parece que eu mudei de ideia, mas não mudei, só não digo, eu guardo. Continuo te querendo com a mesma vontade, você apenas conseguiu, me convenceu. Mas aqui dentro, no lugar onde moram as ideias, continuam você e as lembranças dos dias que deram certo. Quem vai convencer a saudade, que você não vale a pena?

— Bruno Fontes

06/03/2015

Tô perdendo o rumo. Tô perdendo o senso de direção. Tô perdendo de lavada e por W.O. Tô perdendo o senso, a sanidade. Tô perdendo as coisas até que eu não sabia que tinha. Tô perdendo o volume. Tô perdendo a cor. Tô perdendo a graça. Tô perdendo as aulas de voo que eu nunca frequentei. Tô perdendo (pr)o tempo. Tô perdendo a hora dos passos de dança. Tô perdendo a vontade. Tô perdendo por dor e vergonha, tô perdendo o amor. Tô perdendo a fé. Tô perdendo as aulas de como se remenda o coração. Tô perdendo as piadas que eu nunca soube contar e que ninguém nunca achou graça. Tô perdendo peso, a fome e a vontade de chorar.
Mas de tudo que eu perco, uma coisa permanece e me faz caminhar, mesmo que de um jeito torto e incerto.
De todas as coisas, a esperança eu não perco não, moço.
Não perco porque sei que uma hora melhora e eu vou voltar a sorrir. Porque o modo de sorrir feliz eu guardei pra não perder. E eu sei que de novo, mesmo que demore, eu aprendo a sorrir do meu jeito. E assim, volto a ganhar tudo de novo. É só questão de perder. O medo, o receio e a falta de atitude.
E de perder a mim, só pra me reencontrar feliz.

01/03/2015

50 Tons de Foda-se (e meio foda-se você)

Tem momentos que é a única coisa que resolve. Apertar no botão mais subestimado e ser feliz.

Muita gente abre mão dessa prática tão maravilhosa por esperar o momento exato, um instante que caia do céu e faça tudo em fumaça e cinzas, no qual a partir dali, não existirá arrependimentos. Onde tudo que foi visto e vivido ficará para trás, em meios as lápides dos cemitérios da alma de cada um. Só que o que não se percebe, é que toda hora é hora de tocar o foda-se e sair andando. Leva-se uma vida inteira para perceber que, ou você toma uma decisão ou alguém toma essa decisão por você.

Pro vizinho que ouve funk do meio dia a meia noite? Foda-se. Pra ex namorada chiliquenta que não consegue seguir em frente? Foda-se. Pro sentimento que insiste em sair gritando do seu corpo de qualquer maneira e sem permissão? Foda-se. Para aquele amigo que só sabe te curtir na fase boa? Foda-se pra ele também. A vida é muito curta pra aturar calado todas as dores, rancores, magoas. É veneno que você toma e espera que faça efeito em quem merece, em quem te faz sofrer.

Não existe receita fácil para evitar o sofrimento. Aliás, não existe como parar o sofrimento, mas é possível distinguir quais são os sofrimentos inevitáveis. Tem muita dorzinha ai tomando espaço de tormento e não se percebe. Como um rato, se esconde pelas frestas, esperando o melhor momento para atacar, para se mostrar de um tamanho que não tem. Basta saber em qual momento contra atacar, se aproveitar do sofrimento e da fragilidade para, então, deixar pra lá. No começo é complicado, é comum trocar as pernas e confundir alhos com bugalhos e sofrer ainda mais. Mas depois de um tempo e de certa experiência - ou idas com a cara na parede - você aprende. E depois disso, é só sucesso.

Ninguém vai te amparar quando o seu coração, em pedaços, não aceita o final de tudo. Ninguém vai se importar com a tua tristeza sobre isso, eles te avisaram, te disseram que não a pena. Eles não vão te ligar, te convidando pra sair, você pediu para não fazerem. Eles podem não se importar, mas te respeitam. E vão deixar você descobrir sozinho - porque é assim que você precisa descobrir - que a vida vai muito além da decepção.

Agora, enquanto a Cher canta, me perguntando se eu ainda acredito em vida depois do amor, eu aperto, enfim, o foda-se dessa história. Esperei tempo demais pra descobrir tudo isso que relatei acima e doeu demais para ser deixado mais uma vez para mais tarde. E agora, se me permitem, junto com a rainha, vou cantar a plenos pulmões que I don't need you anymore e acreditar, porque dessa vez é verdade.

Agora, com licença, que a vida tá me chamando e eu preciso seguir meu caminho, com ou sem você.

26/02/2015

Sofia não fazia ideia que toda vez que corria, se dirigia direto para o abismo. Ela nunca aprendeu que a melhor maneira de parar de ter os mesmos problemas várias vezes, é enfrentá-los de uma vez só, sem anestesia.
Essa tarde, inventou um passeio, uma outra fuga pra esquecer o que ela sempre faz questão de lembrar. Seu coração esta apertado, sem palavras, só consegue chorar. Ainda não consegue entender. Como todo aquele palácio que construiu se mostrou de cartas e desabou em poucos instantes? Quando bateu o vento que fez tudo vir ao chão?
Sofia não sabe. Ela tem procurado distrair, abstrair, mas não consegue. Lembra sempre do mesmo sorriso, do meu cabelo bagunçado e da tristeza que sentiu quando ele quis ir embora. Parada na porta, recebeu um beijo de adeus na testa e fim.
Tentou de tudo. Cinema, festa, se enfiou no trabalho e não tira os olhos dos livros da faculdade. Tomou remédios para dormir e alguns outros para curar seus surtos psicóticos, suas tristezas estampadas em bulas de ansiolíticos.

29/01/2015

Ontem, tocou Oasis no bar. O que é estranho, porque eles nunca tocam esse tipo de música. Eu, pelo menos, nunca a tinha ouvido lá antes. E foi um feito um soco na boca do estômago que dói ainda mais por não ser real. Por um momento... eu não soube dar o comando para meus pés me levarem a outro lugar e eu perdi a oportunidade não relembrar. Então, automaticamente, feito um incêndio que se alastra em poucos minutos, a nossa história veio diante dos meus olhos. Nossa curta história, que terminou... terminou.

Desde aquele dia, tenho buscado sobreviver, procurando um bom motivo pra não sucumbir a maldita insegurança que ruge nos meus ouvidos, me aponta o dedo em riste e ri, me mostrando a minha incapacidade de te manter interessado. Podia ser normal para qualquer um, mas para mim, é sempre um grande problema. Ter de acordar todos os dias com a ideia fixa de que eu preciso fazer toda e qualquer coisa, só pra deixar minha mente ocupada, evitando assim, pensar. Ultimamente, eu evito pensar. Assim como deixei de fazer um tanto de outras coisas.

E agora, enquanto Noel canta, que talvez a garota seja a salvadora e quem vai protege-lo de tudo no final, lembro de quantas vezes eu pensei que essa poderia ser um pouco a nossa música. E eu nunca a cantei desafinada, pra você rir da minha cara como sempre fez quando eu era engraçada o bastante ao ponto da estupidez. Você sempre entendeu o meu senso de humor estranho e o meu jeito de amar esquisito. Um jeito que, quando é procurado, foge. Você nunca me cobrou o que, quem ou o porquê.

Hoje eu vejo que ninguém errou. Não, de todas as coisas que podem ter ocasionado esse fim, nenhuma delas foi um erro. Uma inaptidão talvez ou falta de adaptação. O fato é que nunca nos deixamos as pontas e acusamos um ao outro. Não nos odiamos e as coisas não mudaram porque nossas ruas seguiram outros eixos. Sigo não sabendo completar os textos que começo e tratam de você. Segue fazendo piadas e esforçando-se pelo ideal de vida perfeita. Somos uma perfeita sinfonia de instrumentos desajustados em um concerto em que se exige a exaustão. Em que é preciso saber ser um para ter sucesso e, infelizmente, nós nunca aprendemos essa lição.

11/01/2015

Essa preguiça que me dá após o almoço é a mesma que tenho quando termino um romance. Não quero nada depois, não quero chegar perto de ter o trabalho de gostar ou conquistar alguém. Quero apenas cochilar, digerir bem o que aconteceu e me dar um tempo. Um tempo para que eu posso espreguiçar com calma, sem a pressa de uma nova paixão.

— Bruno Fontes

08/01/2015

Contra as Ações



Gostaria de pedir, no mínimo, um minuto de reconhecimento as pessoas pessimistas desse mundo.
Aqueles que preferem surpreender-se com o resultado positivo e não se frustram quando todos os planos caem por terra e não existe mais lugar para onde correr ou se esconder. 

O mundo existe hoje é por causa dos pessimistas. Por todos aqueles sem ambições, pelos conformados, os desanimados. Aqueles que ainda ficam surpresos quando o sol nasce no domingo. Para os pessimistas, todo dia é um dia de chuva em dezembro.

Todo pessimista guarda dentro de si, um ponto de luz, um broto de orquídea verde-esperança, mas que nunca floresce. Que existe só para provar que ali existe uma vida, uma alma em desinquietação, embora quase murcha, quase apagando-se. Os otimistas chamariam de fé, já para os realistas, verdade.

Mas, para os nobres e corajosos pessimistas, essa vida dentro deles é apenas... desconforto.

(*)

Felizes  são os que ainda sabem dançar. Dos que apesar de todos os tombos, ainda ousam arriscar. Os felizes não tem medo. 

Felizes são os tolos, em suas vidas ingênuas, das quais não se atrevem a sair para ver o sol se pôr vermelho, feito sangue escorrendo.

Felizes são os que mesmo desafinados, cantam, porque não desistiram de viver e não se contentam com o luto que a vida os exige.

Felizes são os que correm, sem sentido ou razão, apenas por correr. Procuram um lugar para ir, perto ou longe de toda essa sociabilidade que não os consegue prender porque eles não se bastam  no silêncio ou no marasmo. Porque eles exigem e querem o movimento.

Felizes são aqueles que fazem brilham os olhos, mesmo quando em dor. Porque o amor habita ali.

Felizes os que escrevem, mesmo que em pessimismo. Porque sabem que mesmo tristes, mesmo com o mundo aos seus pés, eles sabem se reinventar e voltar a alegria de sobreviver.