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05/12/2010

Diário de Uma Puta - página 27

E mais um dia que acaba essa tortura. Não aguentava mais aquele salto, aquele frio. A única coisa que eu quero agora é tomar um banho, colocar uma roupa quentinha e ir dormir. Fico me perguntando até quando terei de aguentar essaa rotina tão repulsiva.
Todos aqueles homens... de tantas formas, jeitos, idades, cores... não sei até quando aguentarei. as vezes me pergunto como parei nessa situação, mas como sempre, não acho nenhuma resposta. Se a cocaína não fosse tão cara e minha mãe ainda me aceitasse, voltaria correndo para o Alegrete. Sinto tanta saudade dos meus pais; do Henrique e do Fernando, meus bons irmãos de guerra. Mas aqui; Porto Alegre é tão suja quanto eu.
E pra piorar, eu esperava que ele fosse lá. Não foi. Fiquei esperando e ele não foi. Tudo bem, o entendo. E eu sei que jamais poderia me apaixonar por ele, mas... aconteceu! Sei que ele nunca vai olhar pra mim, afinal o que eu sou, além de uma pobre puta que precisa do dinheiro dos programas para se drogar. E por isso, choro todas as noites, quando chego em casa, chapada e com o nariz anestesiado por causa da droga. Preciso sair das ruas logo, preciso sair dessa vida.
Mas não existe solução. Não tô disposta a largar a branca, pra me dar ao luxo de deixar de sentir aqueles velhos caquéticos e nojentos, tocando o meu corpo de todas as maneiras inimagináveis. Minha vontade é, um dia, matar um tarado desses, para vingar a mim e a classe. Tenho vontade também de bater até matar, aqueles que passam a mão em todo o seu corpo na rua e depois não querem o programa. Mas não poso nenhuma das duas. Se fizer, serei presa. E será pior.
Quero um dia sair dessa vida e trabalhar como qualquer outra garota nomral de 22 anos. Um trabalho decente, diurno; onde eu não precise mostrar meu corpo e tampouco usá-lo. Já sofri demais. Sei que pode não parecer, mas eu tenho um sonho. Eu quero apenas ser uma garota normal, que trabalha, fas faculdade e vive decentemente. Só isso.