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20/02/2011

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Eu não queria repetir essa cena. Eu não queria ter de apelar tudo de novo.
Procurava me manter firme, estátua de concreto inabalável. Parada, estática, sem querer saber do seu paradeiro, como estava, com quem estava andando, se ainda namorava, se ainda vestia as mesmas roupas, se cantava as mesmas músicas e se ainda me considerava um pontinho no meio de tantas coisas importantes que você tem nessa vida. E não me importava. Realmente, não queria ter a mínima noção de qual maneira você estava tocando a sua vida. Tinha decidido te esuqecer e avançava vigorosamente a cada dia.
Os pensamentos em você, que antes tão frequentes, agora raramente me ocorriam. Pensava mais na faculdade, no trabalho, na ausência de festas e em todos os textos que escrevia pra mostrar o quanto eu era forte o bastante, a ponto de escrever coisas esdrúxulas sobre você e sobre suas manias estranhas. Eu não ligava mais. Você era apenas mais um que, fez parte da minha vida mas que acabou indo embora sem aviso prévio. Mas você nunca foi embora. Vivia entranhado em tudo que existia em mim, no meu quarto, na minha casa. Tudo era você, até na rua, as pessoas eram você. Mas eu evoluia. E seguia vivendo como se nada nunca tivesse acontecido. E sabe, até parecia mesmo.
Mas uma frase sempre muda tudo.
Você diz que vai embora e que talvez nem volte mais. Vou ao chão e todo meu progresso me acompanha. Como um vidro, estraçalho tudo que tinha conseguido de maneira rápida e instantânea. Uma coisa é viver sabendo onde você, sabendo como você está e onde vai é uma coisa. Não ter noção de como a sua vida anda, do outro lado do mundo é uma coisa muito diferente. E não existe remédo que vá me curar da dor que eu sinto agora. Um misto de abandono com uma rejeição que grita dentro do peito pedindo: Não vai! Não vai! Fica aqui, fica comigo! Eu não sei mais viver sem saber da sua existência! Fica!
Mas você não escuta. Esses meus gritos são mudos. E antes de embarcar no avião, você me olha com olhos de quem pede pra que eu impeça você, pra que eu diga que você largue tudo e fique aqui comigo, mas não sai nada d aminha boca. Ela esta lacrada, tampada por alguma amarra invisível, qual não consigo tirar. E nos meus olhos só lágrimas. Nos seus olhos lágrimas.
- Adeus, eu sentirei muito a sua falta! Principalmente quando você me olhava com esses seus olhos doces e me dizia através deles o quanto você gostava de mim, e como isso me fazia sentir um idiota. Adeus, quem sabe um dia a gente ainda se encontra e tenha outra chance.