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10/04/2011


Eu não conseguia parar de fitar aquela porta. Me disseram que você viria. Ansiedade. Nervoso. Seria hoje que a vida sorriria pra mim? Ela tem sido tão ruim ultimamente. E nenhum movimento interessante na porta. Quem sabe a vodca me acalme. Pura. Duas pedrinhas de gelo em um copo plástico. Dois minutos. Volto a minha posição inicial e você já está ali, doutro lado da sala. Cabelo preto, camisa xadrez e tênis. Tão lindo e tão inalcançavel. Pego um cigarro mas hesito na hora de acender; lembro que uma vez você disse que mulher fumando era a pior coisa. Desisto. Mexo o gelo no copo com os dedos e bebo um pouco. O nervosismo não passa. E você tendo a atenção de todos e assim sendo todo solicito. Você não gosta disso. Te estudo faz tempo e teus olhos confirmam minha tese.

Eles encontram os meus, assustados.

Atravessas a sala toda, ignorando os demais, rente, em minha direção. Me vens e me diz que a música é boa e me tiras para dançar. Música? Que música? Ah sim, deve ser o meu coração em ritmo de escola de samba que somente eu ouço. Você me olha e me sorri. E me embala como se aquela fosse a mais linda canção de ninar. E como num pedido, no mesmo passo da canção, sussuras ao meu ouvido:

- Vem ficar comigo, depois que a festa acabar?