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15/10/2011

Deixa, que o céu caiu faz tempo.

Deixa a música acabar, a noite passar, o bar fechar, a festa terminar e a vida sumir. Porque eu já ando cansada de todas essas idas e vindas e sempre terminar sozinha e embriagada lembrando de você numa mesa de buteco. Sabe, eu esperava que mesmo aos trancos e barrancos, a gente pudesse tentar ser feliz do nosso jeitinho meio desajeitado de ver as coisas. Mas você nunca quis arriscar sair da zona de conforto pra tentar uma aproximação mais eficiente. Sempre quis ficar onde quase tudo é certo, onde quase tudo é doce, quase não há dor, quase. Sempre tão morno, tão enjoativo e indeciso.

Desde que eu cismei, fui atrás. Nunca me importar em ir, cair, chorar, machucar, respirar fundo e levantar firme, pronta pra próxima queda. Eu lutei por nós, eu sonhei por nós. E o pior de tudo, amei por nós. Nessa colocação verbal mesmo. Nós. Meu amor sempre foi tão imenso que não importa a intensidade do que você sentia por mim, eu cobria com todo o afeto que eu tinha por você e tudo bem. Mas você não deu importância pra importância que eu dei. E isso pra mim, foi o pior dos venenos.

Quando me dei por conta, tinha perdido tudo. Foi como se depois de um abraço forte, a pessoa me atravessasse um punhal no peito. Foi triste. Chorei. Deprimi. Mas cuidava para não mostrar fraqueza. Um dia minha mãe me disse que, enquanto houvesse uma mulher que chore por um homem, existem dois homens rindo dessa mulher. Sempre segui a risca, mas negligências eram inevitáveis. Era frio e eu sentia sua falta. Daniels não consolava mais, a mão do Cuervo não tinha mais o mesmo poder e Jonnhy, com esse nunca contei. Mas mesmo assim ainda recorro a eles.

Enquanto isso, deixa anoitecer, o bar abrir, a festa começar, a música tocar e a vida, deixa esse fingir que existe, porque na realidade, já sumiu faz tempo.