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07/01/2012

Bons Frutos: Mero Conto de Cinderela

Boas coisas sempre surgem se você planta o bem. Você só colherá bons frutos se plantar sementes prósperas.

Ouço esses conselhos há tanto tempo que nessa altura da minha vida quando alguém me diz isso, peço desculpas e caio na gargalhada. E se a pessoa levar pro pessoal, problema dela. Provavelmente ela não deve me conhecer bem, primeiro por me dizer isso e segundo por ficar ofendida. Quem me acompanha há algum tempo, sabe que eu tô pouco me importando pra essa história de colher o que se planta. E não é pretensão dizer assim. Apenas desacreditei e perdi a fé na colheita. Explico.

Como já disse, ouço esses "disparates" desde que comecei a me achar gente. Tinha 13 anos a primeira vez quando a primeira pessoa me aconselhou assim. Cega e prontamente acatei sem protelar um "a". E comecei a plantar as minhas sementes saudáveis e cuidá-las para que florescessem e eu pudesse então, usufruir dos frutos que brotariam. Só que tem um porém. Embora eu cuidasse todos os dias, regasse de amor e fizesse a porra toda da maneira que me orientaram a fazer, essa bosta nunca deu uma mísera folha. OU seja, não me levou a merda de lugar nenhum. Fiquei lá, durante 4 anos esperando e nada. Esperei tanto que quase criei raíz e floresci antes das sementes.

Pois bem. Aos 17 anos e não sabendo quase nada da vida (porque perdi cuidando, bom, vocês sabem), resolvi chutar o balde, rodar a baiana, meter o pé na jaca e tudo o mais. E pasmem quando eu digo que aquelas sementes nem raízes criaram, eram chochas. Mais uma prova que estive errada o tempo todo. Afinal eu deveria estar mentecapta quando acreditei que nascem bons frutos. Você pode cultivar o que quiser, mas só nascem ervas daninhas.

Desde então, passei a ver o outro lado. Se boas coisas não nascem pra você, dá para obter de outras maneiras. Comprar, explorar, sacanear, chantagear, ironizar, entre tantas outras delícias que a vida te oferece em bandeja de prata. É possível ser bem feliz mesmo sem frutos, rindo do fracasso agrícola dos que não conseguem e ainda tentam.

E se você não consegue cultivar, outros também não. O jeito é: ou chorar coletivamente pelo fracasso ou rir do quão estúpidos depositaram fé em algo inútil, enquanto tomam uma cerveja gelada. Você escolhe.