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18/02/2012

Contrapondo Espelhos



Vamos colocar de uma vez por toda essa história que a gente tem ou finge que tem, em pratos limpos. Assim como eu, você sabe que é extremamente cômodo nos encontrarmos a cada trinta dias para poder desopilar. É bom, é divertido. Mas principalmente, é prazeroso. E eu não digo só em quesitos carnais, muito além disso. Me refiro ao fato de que a gente se renova, fica pronto e preparado para o que tiver que enfrentar nos próximos dias até o próximo encontro quando novamente risadas gostosas e escandalosas invadirão o recinto onde nós estaremos e arredores. É praticamente uma dádiva poder ter esses momentos de tranquilidade ao seu lado.

Mas só que essa comodidade pode alguma hora descambar pro sentimentalismo e alguma das partes, senão ambas, saírem machucadas. É complicado esse relacionamento PA exatamente por isso, uma hora alguém fica carente demais e pimba, erra a mão e acha que ama. Não, não ama. E nem sequer quer passar a vida inteira ao lado. Isso é carência, é a saudade do afago nos cabelos de madrugada. Lembra que no nosso contrato isso existe, mas sem nenhuma intenção de amanhecer com café na cama. Sem nenhuma segunda intenção. É isso e apenas isso. 

Existirão aquelas músicas tão românticas quanto pedidos de casamento enquanto a gente se olha de uma forma tão profunda que é capaz de despir a alma. Existirão aqueles momentos em que você vai precisar me abraçar e simular uma afeição apaixonada pra despistar qualquer mala inconveniente que insiste em dizer que me ama. E vamos rir disso porque realmente é engraçado. E vamos nos entregar a fundo porque é a ordem. Mas é só isso. Não há nenhuma hipótese remota de uma história de contos de fadas com final feliz pra gente. Porque não acreditamos. Porque não fazemos por merecer.

Agora, enquanto nossos corpos nus rolam nessa cama rindo porque alguma piada foi muito boa, eu entendo o porque nossa relação foi classificada como é. Somos amigos e estamos interessados na mesma coisa. Sem apegos, sem sentimentos. Sem dor. Mas é inevitável, sendo o que você é e eu sendo que eu sou, perceber o que nós somos quando estamos juntos.