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26/05/2012

ATE 2011/2014: Porque a História Não Termina No Tchau

Há cerca de seis meses, escrevi uma carta aberta de despedida àqueles que me acolheram, suportaram, aguentaram durante aquele ano tão maravilhoso que pudemos dividir todas as noites. Escrevi que os amava muito e estaria sempre ali, embora estivesse deveras longe.

Pois bem, estou aqui hoje, para dizer que sou uma desistente de sonhos e explicar o porquê. Antes que alguém aponte o dedo e me chame de covarde, deixo-os de sobreaviso que não é necessário, mas sinta-se a vontade se o quiser fazer. Não vou repudiar ou dizer o contrário, até porque ir contra o óbvio é ilusão. Ladrei demais e perdi a oportunidade de morder a segunda chance que eu ganhara naquele momento. No entanto, entendi que não seria o meu lugar. Por que haveria de me empenhar em fazer algo que eu já sei tão bem? Predestinação? Talvez, se eu acreditasse. E cresci o suficiente para poder erguer a fronte e enfrentar a estrada mesmo com pedras me fazendo cair durante o percurso.

Fiquei. Outros se foram. Ousaram querer e foram atrás, e agora, são mais felizes distantes. Ou não. Alguns permaneceram, o que é regra natural. E me alegra saber que também seguiram a amadurecer. Seguiram inocentes. Seguiram bravos. Seguiram companheiros. E até os que seguiram arrogantes me alegram. Fico feliz em ver tudo no mesmo lugar, a estante de bagunça organizada. Tudo no seu devido cantinho. Heterogêneos como sempre, divisíveis como nunca. Não digo que todos se tornaram maleáveis, mas a maioria passou a ouvir ao invés de somente escutar. Alguns continuam fúteis e intragáveis, mas é até engraçado vê-los assim, tão cheios de si e vazios de razão.

 Os meus continuam sendo "os meus". Desligados, realistas, engraçados, centrados, preocupados, irritados, próximos. Seguem as mesmas pinturas em quadros mais bonitos. Não há como explicar tal relação. Não há como entender. São, se tornaram partes intrínsecas de meu corpo. Sua distração e animação me contagiam, envolvem e divertem. E o melhor: sem esperar nada, absolutamente nada em troca. Um alívio. Porque entendo que minhas piadas, sorrisos e palavras não são o suficiente para poder retribuir tanto bem que me fazem. Principalmente quando incitam-me a continuar, impondo como um desafio. Nada paga o que eles me fazem sentir quando perto, longe, bem ou mal. Num todo miscigenado em tons coloridos de diversidade. Embora as normais, esperadas e comuns desavenças, todos se unem quando o interesse é mútuo e beneficia. Não importa a forma, o importante é que juntos somos melhores. Já disse isso uma vez e repito até a exaustão se preciso. Somos ótimos quando um.

Há também os que entraram agora. Que entre seus erres puxados e esses chiados ainda não se acostumaram com a briga pelotense e a loucura econômica. Tão distintos em sua mistura que encanta ao pronunciar de cada palavra. Os gaúchos que me perdoem, mas (depois do nosso sotaque tão carregado) nada é mais bonito que um sotaque interiorano ou capital de fora. Lindos em sua sutileza e determinação, coragem e amadurecência. Sair da zona de conforto, parar num lugar completamente desconhecido e mesmo assim, tirar de letra, não é para qualquer um. São guerreiros os que conseguem com êxito e maestria. 

Neles, enxergo-nos 2014, quando entramos. Tão diferentes e únicos. Classificáveis num simples olhar. O aloprado, o nerd, o centrado, o revolucionário, a guriazinha, a brava, a mãe, o forçado, o festeiro. Mas num todo, sonhadores assim como nós fomos. Somos. Conviver com eles tem sido-me uma benção diária. Sempre uma nova piada, um novo riso, um outro cigarro, uma outra conversa. São também parte de mim.
Se pudesse classificá-los como partes do meu corpo, diria-os meu cabelo. Uma comparação um tanto infame, se não disse que vocês 2014, são meus órgãos vitais. Posso passar os próximos quatro anos em companhia desses outros que (sobre)vivo bem, mas só sabendo vocês na sala ao lado. Porque sem vocês não dá. Utilidade maximizada é na Vênus com vocês. Bem-estar é Fofão debatendo História da Economia. A nossa história que bem ou mal, incorpora um erre puxado de vez em quando. Porque eu falo. Porque faz bem variar. Mas no fim, lá no finalzinho mesmo, a essência de toda a felicidade é a cerveja no posto rindo da Contabilidade Social.