Páginas

18/12/2012

Ser ela. Ser ele. Ser eu. Apenaser.

E se eu dissesse que eu sou diferente? Que eu nado contra a correnteza, que eu não gosto do comum, que eu fujo do óbvio e que a contramão é o melhor caminho? Se eu contasse pra vocês que eu não sei ser igual a todos e que as crianças da escola só me fazem sentir pior, com todas as suas brincadeirinhas e preconceitos. Só porque sou menina e.. gosto de menina.

 Isso não é defeito. Isso não é doença. Isso não é uma escolha. Eu nasci assim, entendam!

 Querem calar minha voz e me impedir de lutar pelos meus direitos. Eu acho injusto. Querem "leificar" a minha cura, mas eu não leprosa pra fazer um tratamento médico. Eu sou gay. E não vejo problema nisso. Eu trabalho como qualquer outra pessoa. Eu sei sorrir como qualquer um. Minha constituição corporal é igual. Tenho os mesmos órgãos e sei pensar. Eu sou humana. Eu sou normal. Não admito que, por não ser comum, tratem-me como louca. Eu sou esperta, inteligente. Sei mais que muita gente. Minha cabeça é aberta, eu sei debater, argumentar. Não preciso levantar a minha voz para mostrar que estou certa, quando estou certa.

 Acredite em mim quando eu digo que isso pode acontecer com qualquer um, qualquer uma. Pode acontecer com seu filho. Você vai virar a cara para ele também? Mas você argumenta pifiamente "não, meu filho é/será bem educado". Ser gay não vai de educação, vai de mente. Você nasce gay. Ninguém se torna, você sempre é.

 Eu não peço que você me aceite. Eu não peço que você divida suas coisas comigo. Não quero mendigar nada. Eu não quero nada, além do que eu preciso para viver. Eu sou apenas mais uma das partes injustiçadas do mundo. E como todas elas, eu só exijo respeito. Respeito, sabe!? Quero somente que você ao cruzar comigo na rua, não me olhe com cara de desaprovação. Quero poder ir e vir, sem ter medo de morrer a qualquer momento. Quer apenas poder chegar onde quer que seja, e ninguém se afastar, só porque eu sou gay. Quero viver a minha vida de cabeça erguida, por ser o que sou. Independente de quem mora comigo. Quero poder ser o que eu quiser ser, sem que ninguém a ponte o dedo no meu nariz e diga que estou errada, que vou para o inferno... não, não, NÃO!

 Quero ser só, o que eu sonho ser. Cientista, escritora, economista, jornalista. Eu só quero ser eu. E viver, sem medo.