É outono, mas hoje eu pareço uma criança de três anos que
se perdeu da mãe dentro do supermercado na véspera de Natal. Perdida,
assustada. Com medo de tudo que possa vir a seguir. Tenho medo da mão que vai
me guiar até um lugar seguro. Eu só quero a minha mãe. Eu só quero sair
correndo pro lugar mais próximo e me esconder. Quero o escuro. Quando minha mãe
me encontrar ela vai me xingar por ser tão distraída. Desculpa mãe. Eu ainda
não aprendi a me virar sozinha. Mas entende, eu sou apenas uma criança. Só me
leva pra casa agora e faz carinho no meu cabelo até eu dormir. E não liga se eu
chorar enquanto você me carrega no colo. Só faço isso porque seus braços pra
mim são o melhor refúgio. Mãe, só me abraça forte e diz que tudo isso vai
passar. Que tudo isso é um pesadelo e que depois de um grito, todos os monstros
irão embora. Mente assim pra mim, mãe. Por favor...