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20/12/2013

Pequeno Som



Esperava ansiosamente o momento da chegada. Tinha passado o dia inteiro sozinha e não aguentava mais tanta solidão. Ia do quarto para a cozinha e para a sala e depois para a varanda olhar a rua. Nunca chegava tão pertinho porque tenho medo de altura. Mas quando ouvia o bater da porta do seu carro, quanto contentamento! Corria em euforia. Fazia tanto barulho que o vizinho reclamava.

Quando a porta abria, meu Deus, eu pulava em seu pescoço. Que saudade! Seu cheiro era melhor em você no que no seu travesseiro, era mais vivo, mais forte. Muito muito mais gostoso. Mas nada comparado quando eu deitava na sua cama e você me coçava a barriga e me fazia tantos e muitos carinhos. Como eu gostava de dormir com você!

Mas um dia eu esperei e você não chegou. Não entendi. Deu sete, oito, nove e você não apareceu. Veio só uma senhora dizendo que eu não podia mais ficar na sua casa. Por quê isso? Eu andava tão quietinha ultimamente, por que eu tinha que sair da casa que agora era minha também. Ela me disse umas palavras estranhas como céu, chão e fim. Não entendi qual a ligação delas e o que elas tinha a ver comigo.

Quando dei por mim, estava outra vez na rua. Outra vez sozinha, passando frio. Agora eu tenho medo de novo. Você me deixava tão segura, enquanto deixava eu aquecer seus pés a noite. Sinto a falta do seu perfume. Por que você sumiu? Por que me abandonou?

Por que me fazer ser mais uma nesse mundo cão?