Nesses dias, apesar de toda turbulência
pela qual nossa aeronave atravessou, acho que a pressão diminuiu e podemos,
enfim seguir adiante.
E nesses dias
também, andava perdendo palavras a esmo no limbo da existência enquanto as
mesmas precisavam estar em uma folha, num papel, numa tela. Mas não eram as
dificuldades que me impediam de expelir manualmente todo sentimento que costuma
existir nesse pequeno pedaço de ser que sou. Eram as alegrias, a falta de
oxigênio motivada por um milhão de risos novos e diferentes a cada dia que me
amarravam a não querer espalhar todo coração. Dizem que quando a felicidade é
muita, ela é boa quietinha, calminha e que gritá-la aos quatros traz mal
agouro. Por isso de tanto receio. Insegura que sou, quis manter toda a proteção
perto de mim, de ti, de nós.
Acho que depois de
todo esse tempo, não é mais pecado querer dizer todo o bem que me faz a tua
presença, a tua existência, as tuas charadas com pontinhos
que não tem sentido e nem graça, mas mesmo assim são as coisas mais
bem elaboradas das quais eu já ri. Não, acho que as tuas caretas vencem. Ou o
pombo que tira da cartola quando, em ataque, eu recuo. Tu tem magias que a
própria magia desconhece. E mesmo em silêncio, dizes tudo e nada.
Sinto por não
conseguir ser mais que sou e por querer sempre te preservar intacto, indolor.
Sabe, pequeno, todos os meus erros sempre foram tentando acertar, mas meu
comportamento desastradamente destrambelhado leva tudo pro final mais engraçado
e diferente do planejado. E tu compreende que válida é a tentativa, então não e
repreende, não me julga. E isso, acho, que meu nível espiritual nunca vai
conseguir alcançar. Essa paz de que existe o amanhã pra tentar de novo, existe
um outro amanhecer pra acreditar. Por vezes, tenho a impressão que me agarro
tanto em ti que machuca. É que esse pra mim é um mundo tão novo, tão limpinho,
que eu preciso conhecer como é que se vive aqui. E é um lugar quentinho...
talvez o inverno não nos encontre aqui. Certeza que não.