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27/11/2010

Trecho de uma carta inexistente - parte I

[...] E sei que você não teria coragem de me assumir porque é um frouxo. Frouxo, idiota e lindo. Me dá raiva como consegue ser tão idiota; indo, voltando e nunca saindo de vez. É porque você não resiste se viver longe de mim. Sim. Pois quando acontece algum problema que você não sabe como resolver, é nós meus braços que encontra refúgio; quando sua vida é um desastre, é meu numero que você disca; se está longe de casa, eu sou a ponte; se está pensativo, eu sou o chão, quando precisa de fuga, é na minha casa que você vai.
Você pode ter (e sei que tem) outras meninas, melhores que eu, mais bonitas que eu, mais magras que eu, mas elas jamais terão o que eu tenho: o dom de te decifrar. Sei os olhares que usa quando está triste, frio ou querendo conquistar. Elas pensam que você é tudo que mostra. Coitadas. Quando vejo você com uma delas, te confesso que até me dá uma certa pena. Não. Não delas, afinal, eu não as conheço e não sei como reagirão ao seu típico abandono. Mas eu sinto pena de você. Você tem toda a minha compaixão. Por ser tão fraco. Fraco por não conseguir assumir para si mesmo o que sente. Fraco e covarde. [...]