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30/07/2012

Segundas Filosofias.

Luto.


Por todo colorido transformado em preto e branco pelo ardor da vida.
Pela ausência de gracejos que fomos obrigados a aceitar como consequência de ter crescido.
Por toda a tristeza no olhar inocente de uma criança que perdeu os pais num acidente de trânsito.
Pela crueldade com que as flores são tratadas pelas mãos daqueles que não tem tato para lidar com tal fragilidade.
Pela essência que as pessoas tem perdido diante do tempo que não existe e que mesmo assim asfixia.
Por não mais sorrir.
Pela alegria cada vez mais rara, pelo amor cada vez mais escasso, pelo perdão sempre tão trancado, pela emoção tão endurecida no peito da gente.
Pelas lágrimas que não correm, pelo grito que não ecoa, pela vontade que se perdeu, pelo sonho que mataram.
Pelo ódio que aflora, pela música que não se pode mais cantar, pelo brilho dos olhos que desapareceu, pela simplicidade de se saber feliz.
Pela brigas que a gente perdeu, pelas vitórias que a gente nem sabe que foram vitórias, pelo sofrimento que nos ensinou a como não repetir atos. Ou a como repetir tentando até desaparecer.
Por todo coração gelado que não sabe o que amar.
Luto. De coração.
Luto para que mude. Luto para que possamos um dia aprender a ser além dos rótulos ou das dores.

Lutarei.