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07/09/2012

Revés



Escrevi mais um texto carteado. Uma quase carta. Um amontoado de palavras cheias de algum sentimento qualquer que pode e deve ser ignorado. Uma coleção de letras unidas em letra cursiva desenhada e bem legível.
Uma canção melodiosa e ritmada que não pode ser dançada porque não existe som. Mas mesmo assim, eu danço no som do silêncio.
Um conjunto verbal que mais parece desenho pintado com giz de cera. Riscado, rabiscado, um rascunho que não vai ser passado a limpo. E que implora para chegar ao seu destino. Mas eu me angustio em pensar nisso.
Quero. Não quero. Quero. Não devo. Quero. Não posso. Quero. Vou morrer de arrependimento depois.
Fico nesse impasse e não decido. Mas não vou mandar. Vai ser outra pra aumentar a pilha de cartas covardes. Covardes assim como eu, tão ausente de sentimentos taciturnos e cheia de medos banais. Medos que não saem com banho quente ou com uma dose alta de álcool. Eles são tatuagens feitas com ferro quente. Marcando a pele e mostrando para todos sem que eu necessite abrir a boca que sou desistente.
Sempre abro mão de tudo que sonhei. E essa outra carta é mais um tijolo nessa construção já tão bem fundamentada.