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28/07/2013

Presesperança

Por um momento, um breve momento, senti vontade de puxar uma cadeira e sentar. Compartilhar da cerveja que estava na mesa e não fui eu que paguei. Dividir risadas e conversas que precisavam escapar entre nós todos. Explicar o porquê eu andei afastada e como eu estava ansiosa para voltar correndo pr'aquele mundo tão recente e tão impossível de querer ir embora. Fazer renascer o brilho dos meus olhos que tem se ofuscado a cada dia pela lembrança de não estar mais lá.

Por um instante, um mísero instante, eu senti a coragem necessária para outra vez pisar em cima do meu orgulho tão ferido e fazer de novo o que eu sempre fiz. Uma mão me impediu. Me agarrou pelo braço e me disse não. Uma voz dentro de mim quis gritar, minhas pernas quiseram correr para tão longe quanto pudessem. Foi quando eu lembrei que fugir não resolve nada e pior, só agrava. Eu quis dizer que não houve propósito, mas agora não tem mais importância. Me interrogo se algum dia teve.

Por um minuto, um fugaz minuto, eu quis esquecer da minha história e deixar que a amnésia reinasse. Mas existe um sulco na carne que me impede. Por um desejo, que Deus me perdoe, eu quis voltar ao passado e costurar todas as feridas. Suturar todos os caminhos para que não se bifurcassem além do esperado. Eu quis, eu quero.

Mas pela distração e desastreza, essas são coisas que hoje a vida me nega. São coisas que preciso me negar porque eu necessito que a distância seja cumprida e que o ciclo se feche. Mas existe palavras que precisam ser ditas. Minha última lágrima de dor, a que eu tenho prendido por tanto tempo, necessita cair.

Eu quis puxar uma cadeira e sentar. Mas ao contrário disso, eu virei as costas e segui andando. É assim que precisa ser. Eu acho.