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28/04/2012

Ausências




Ligar e seu numero acusar ocupado. Todas as vezes. Não sei se você foi assaltado, se desligou o telefone ou se fugiu para a Malásia. Você sempre tão excêntrico e maluco, que qualquer uma dessas opções caberia exatamente em suas escolhas de futuro incerto e impreciso. Lembro das vezes que me pegava no colo de surpresa e me carregava de ponta-cabeça, enquanto eu mordia seu joelho, feito um cão raivoso e você nem se importava. Éramos lindos e loucos juntos.

Inseparavelmente grudados. Feitos em velcro e super bonder para nunca mais separar. Mais que amigos, irmãos. Mais que irmãos, cúmplices. Uma lealdade e fidelidade um para com o outro, que causaria inveja a qualquer outro casal de namorados. Mas nós nunca fomos namorados, nunca seriamos. Você não dava brechas e eu me tornei especialista em esconder meus sentimentos. Acho que você nunca se deu conta que sempre fui apaixonada, entretanto, te queria da mesma maneira para sempre.

Meu bibelô de 2 metros de altura, uma criança de 20 e tantos anos. Que cresceu e esqueceu a parceira das brincadeiras de lutinha, do videogame, do futebol, das piadas sem graça, dos filmes de ação. Esqueceu quem nunca esqueceria de ti. Deixou para trás a vida. Trocou de estrada. Me deixou no meio do caminho, assoviando a nossa canção. Abertura do Dragonball.